terça-feira, 19 de julho de 2011

ALEMANHA BENEFICIA COM ALTOS JUROS COBRADOS A PORTUGAL - Seguro




PMF - LUSA

Lisboa, 19 jul (Lusa) - António José Seguro, candidato à liderança do PS, diz que a Alemanha ganha com os empréstimos a Portugal e exige uma redução das taxas de juro a cobrar aos países periféricos que enfrentam processos de consolidação orçamental.

As posições do candidato ao cargo de secretário-geral do PS foram assumidas em entrevista à agência Lusa, na qual defendeu que a Alemanha, assim como outros países do Norte da Europa, "têm beneficiado com os pagamentos de altos juros por parte dos países que precisam de fazer consolidação das suas contas públicas".

Interrogado se a criação dos chamados "eurobonds" não levará a médio prazo a um aumento dos juros a pagar pelos cidadãos alemães, holandeses e austríacos, já que a dívida dos diferentes Estados-membros passaria a ser comum nos mercados internacionais, Seguro considera que essa questão está colocada ao contrário.

"Portugal paga taxas de juro à União Europeia superiores às taxas de juro que os países que emprestaram dinheiro obtêm quando se vão refinanciar aos mercados. Quem nos empresta dinheiro é beneficiário desse diferencial de taxas de juro para os seus orçamentos, podendo por essa via ajudar ao desenvolvimento das respetivas economias", contrapôs o candidato à liderança do PS.

António José Seguro advoga que a União Europeia tem de tomar decisões rapidamente.

"Os eurobonds podem ajudar ao financiamento de qualidade em zonas que precisam de crescimento económico; a Europa pode e deve criar de imediato uma agência de rating independente; pode e deve baixar as taxas de juro dos empréstimos que concedeu a Estados-membros, designadamente a Portugal; pode e deve reforçar o orçamento da União Europeia, que até agora pouco pode ajudar ao desenvolvimento e à convergência económica", apontou o ex-eurodeputado socialista.

Para António José Seguro, ou se olha para a Europa "como correspondendo a um projeto de solidariedade, de coesão territorial e social, onde todos partilhamos recursos e as vantagens dessa construção europeia, ou então a Europa não tem sentido nem futuro".

"Quando olho para a Europa, não gosto do que vejo, porque, atualmente, as agendas nacionais sobrepõem-se e transportam um egoísmo que não tem sentido - o Conselho Europeu de junho último foi um exemplo disso mesmo ao não resolver o problema da crise financeira grega", apontou.

Já em relação à próxima cimeira de chefes de Estado e de Governo, quinta-feira, em Bruxelas, Seguro diz aguardar com expetativa os resultados.

"Espero bem que a Europa decida e não faça apenas belas proclamações, porque caso contrário tudo não passará de um debate estéril e inconsequente para a vida das pessoas. Nesse mesmo dia, aliás, promovo uma conferência com reputados economistas, empresários e dirigentes sindicais para aprofundarmos e darmos contributos sobre a situação que se vive na Europa", acrescentou António José Seguro.

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