quinta-feira, 28 de julho de 2011

Angola: Incidentes em Cabinda durante a visita dos embaixadores da União Europeia




JORNAL DIGITAL

Governo evitou encontros dos diplomatas com activistas dos DH

Cabinda – Durante a visita de dois dias de uma Delegação da União Europeia (UE) a Cabinda vários activistas dos direitos humanos foram detidos após denunciarem a situação vivida no enclave.

A Delegação da UE, chefiada da por Javier Puyol, era composta pelos embaixadores da Holanda, Cor van Honk, Itália, Giuseppe Mistretta, França, Philippe Garnier, Reino Unido, Richard Walsh, Portugal, Francisco Ribeiro Telles, e por um representante da Polónia.

Segundo o primeiro secretário da embaixada de Portugal em Angola, Paulo Lourenço, a Comunidade Europeia pretendeu efectuar uma avaliação rigorosa e objectiva das realidades no terreno. «Estamos aqui em Cabinda também na qualidade de observadores para conhecer melhor a realidade da província (….) não chega estar em Luanda é preciso vir as províncias», disse Paulo Lourenço.

Após uma recepção com a vice-governadora de Cabinda, Aldina da Lomba, a delegação da UE visitou as obras do Campus Universitário em Caio-Litoral, a montagem de uma nova turbina a gás em Malembo. Os diplomatas visitaram também as obras da Faculdade de Medicina.

Na terça-feira a delegação deslocou-se a Buco-Zau onde decorre um projecto de alfabetização das mulheres aproveitando assim como efectuaram uma visita ao hospital regional Alzira da Fonseca, cujas obras se encontram na fase final.

Durante a presença da delegação da UE no orfanato Betânia, quando os diplomatas reuniram com membros do Governo e os padres Carlos Mbambi e Félix Cubola, várias dezenas de activistas dos direitos humanos (DH), empunhando cartazes com slogans pela transparência da gestão de Cabinda e em defesa dos Direitos Humanos, manifestaram o seu descontentamento devido a delegação da UE não ter mantido o encontro previsto com os representantes dos activistas dos DH, confirmou Marcos Mavungo à PNN.

«Estava previsto um encontro dos embaixadores com os activistas dos direitos humanos em Cainda mas o Governo fez tudo para evitar esse encontro, daí que os activistas decidiram manifestar durante a visita e reunião dos diplomatas no orfanato», disse Mavungo.

Durante a manifestação pacífica, «por volta das 15:30 surgiu um importante contingente de tropas e polícias, fortemente armados, que começaram disparar para o ar a fim de dispersarem os activistas. Algumas crianças do orfanato, assustadas com os disparos, desmaiaram», testemunhou Marcos Mavungo.

Cerca de 30 manifestantes foram detidos no comando da Policia de Cabinda. Permanecem ainda detidos na primeira esquadra do Comando da Polícia: Alexandre Cuanga Sita, José Mabiala, José Batchi, Arberto Paulo Macosso, Jorge Macaia, Júlio do Nascimento Paulo, Pedro Maria António Gomes, João Capita Muila e José Antonio Buzi os quais foram apresentados na manha desta quarta-feira, 27 de Julho, no Tribunal da comarca de Cabinda para serem sujeitos a um «julgamento sumário». Foram também assinalados activistas detidos na DPIC (Direcção Provincial Investigação Criminal de Cabinda) e o desaparecimento de Eduardo Agostinho Gomes.

Durante a acção das forças de segurança contra os manifestantes foram registados dois feridos, Pedro e André Vítor Gomes em estado grave.

Segundo Marcos Mavungo a visita de delegação da UE em Cabinda foi minuciosamente preparada pelo Governo de Luanda que pretendeu assim tentar «lavar a imagem da situação no enclave» quando se prepara para celebrar o quinto aniversário do contestado Memorando de Entendimento, assinado entre Bento Bembe e o Governo angolano.

(Foto: arquivo)

(c) PNN Portuguese News Network

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