LUSA – INFORPRES
Cidade da Praia, 15 Jul (Inforpress) - As literaturas africanas de língua portuguesa têm circulado ao nível académico, em “circuito fechado”, mas “o que interessa é que cheguem às pessoas”, diz o escritor cabo-verdiano Joaquim Arena.
Presente no colóquio internacional “Percursos, trilhos e margens: receção e crítica das Literaturas Africanas em Língua Portuguesa”, que termina hoje no pólo de Lisboa do Centro de Estudos Sociais (CES), Joaquim Arena falou à Lusa sobre os problemas da distribuição do livro.
Os livros de autores africanos em língua portuguesa “circulam mais ao nível académico, em circuito fechado, ficando nas mãos de especialistas, que não é bem o que interessa”, reconhece. “Esse não pode ser o objectivo, o fim último é que cheguem às pessoas”, contrapõe o jornalista e escritor, nascido em Cabo Verde e residente em Lisboa. “Não há muita divulgação” dos autores africanos em língua portuguesa com excepção de “dois nomes”, José Eduardo Agualusa e Mia Couto, considera. “O resto não consegue passar”, analisa, realçando que “o público vai atrás dos destaques dos jornais, do que aparece mais”.
Autor de “A verdade de Chindo Luz” e “Para onde voam as tartarugas”, e actualmente a começar uma investigação sobre os escravos em Portugal para o próximo livro, Joaquim Arena recorda, a título de exemplo, como foram “uma lástima” as homenagens ao Brasil e a Cabo Verde feitas em edições anteriores das feiras do livro em Portugal. Mas, acrescenta, essa política de divulgação não existe também nos países de origem dos autores.
O colóquio internacional sobre as literaturas africanas de língua portuguesa começou na quinta-feira e termina hoje, tendo proposto uma reflexão a académicos, editores (Caminho, Afrontamento e D. Quixote) e representantes de instituições culturais envolvidos na produção e divulgação das literaturas africanas de língua portuguesa.
Entre os escritores presentes no colóquio estiveram a angolana Ana Paula Tavares, o moçambicano Luís Carlos Patraquim e a guineense Odete Semedo. O escritor angolano José Luandino Vieira cancelou a sua vinda à última hora, por motivos de saúde.
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