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Díli, 15 jul (Lusa) -- Mari Alkatiri, líder da FRETILIN, o maior partido da oposição em Timor-Leste, disse hoje que o Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED), apresentado pelo primeiro-ministro Xanana Gusmão, "não serve o interesse nacional".
"É do interesse nacional que haja um plano que venha contribuir para estabilizar o país, em termos de processo de desenvolvimento. Um plano que, à partida, é um plano de uma franja da sociedade timorense, como pode servir esse interesse nacional?", questionou, em conferência de imprensa.
Mari Alkatiri lembrou que quando foi primeiro-ministro presidiu à comissão que elaborou o Plano de Desenvolvimento Nacional, "que nasceu com ambição mas em que todos participaram na sua feitura" e não como o PED, em que "Xanana Gusmão contratou um grupo de indonésios, bem pago, para o escrever, que depois quis vender nas andanças pelos sucos e distritos".
O ex-primeiro-ministro e líder da FRETILIN criticou igualmente que o Governo, em final de mandato, queira condicionar a orientação a seguir pelos futuros governos.
"Um Governo já cessante, em que falta menos de um ano para terminar funções, quer obrigar os futuros governos a seguir esse plano, quando se recusa terminantemente a tentar obter consenso. O que se devia ter feito era criar uma comissão nacional do plano, que envolvesse todos, para elaborar o plano e nada disso foi feito", disse.
Para Alkatiri, o PED vai criar oportunidades a técnicos e empresas estrangeiras, mas não à população timorense.
"Querer desenvolver as infraestruturas para além da capacidade de desenvolvimento do capital humano só compromete o país. Se o desenvolvimento for tão rápido que a nossa capacidade humana, em termos de competências, não consegue depois gerir e sustentar, o que vai acontecer?", questionou.
"Vem o "outsourcing" e vamos ter especialistas de outros países a encherem Timor-Leste e os nossos vão continuar sem fazer nada", comentou o líder da FRETILIN.
Alkatiri exemplifica com "o que já se passa" para executar o Orçamento do Estado: "o Governo tem um batalhão de assessores de duvidosa qualidade, muitos deles jovens licenciados que acabaram de sair da Universidade e não têm qualquer experiência".
O líder da FRETILIN esclarece que não está contra a participação estrangeira, mas defende-a noutros moldes, quando a tecnologia avançada a isso obriga, e deixando os ensinamentos necessários a quadros timorenses que possam garantir a continuidade.
O modelo de desenvolvimento proposto pelo PED merece a Mari Alkatiri as maiores reservas.
"O plano é extremamente ambicioso e quer a produção, para 2020, de 800 mil megawatts de eletricidade, para um país que tem um milhão de população. O que se pretende com isto? Que tipo de indústria se está a pensar instalar em Timor-Leste? Não se vê nada disso no plano. De onde vai vir essa energia e quanto vai custar ao país?", pergunta.
Mari Alkatiri conclui que o PED, "a ser implementado como está, vai abrir as portas a um país fisicamente desenvolvido, mas humanamente subdesenvolvido".
1 comentário:
"Um Governo já cessante, em que falta menos de um ano para terminar funções, quer obrigar os futuros governos a seguir esse plano, quando se recusa terminantemente a tentar obter consenso."
Nao sei o que pensam outros leitores mas esta acusacao faz me lembrar a Lei de Pensao Vitalicia criado ja nos ultimos 'dias' do governo Fretilin.
Neste caso o povo nem sonhava que os senhores de uma "franja da sociedade timorense" lhes estivessem a tramar uma dessas quando o povo vivia e ainda vive com menos de $1 por dia.
"Querer desenvolver as infraestruturas para além da capacidade de desenvolvimento do capital humano só compromete o país. Se o desenvolvimento for tão rápido que a nossa capacidade humana, em termos de competências, não consegue depois gerir e sustentar, o que vai acontecer?"
Pois bem, o melhor e' desenvolvermos a nacao a paco de caracol e continuar a gastar o dinheiro do petroleo a sustentar o pais com tudo o que precisa para sobreviver.
Desenvolver o pais para abrir caminho a outros sectores produtivos nao e' imperativo porque os recursos humanos ainda nao chegam. Vao ter que esperar ate que estejamos prontos. Ate la vai se vivendo do petroleo.
"Vem o "outsourcing" e vamos ter especialistas de outros países a encherem Timor-Leste e os nossos vão continuar sem fazer nada", comentou o líder da FRETILIN.
Pois, o melhor e' esperarmos mais uns 15? 20 anos? (estou a ser optimista) ate termos os nossos proprios especialistas (com experiencia) antes de comecarmos a fazer algum desenvolvimento nacional de significancia.
Afinal de contas e' assim que todos os paises do mundo funcionam quando tem falta de mao de obra especialisada, nao e'?
Para que importar mao de obra especialisada a par e passo com a preparacao de especialistas nacionais quando podemos por o desenvolvimento nacional em molho de agua de bacalhau por uns bons anos ate termos a capacidade de fazermos tudo por nos proprios?
"Alkatiri exemplifica com "o que já se passa" para executar o Orçamento do Estado: "o Governo tem um batalhão de assessores de duvidosa qualidade, muitos deles jovens licenciados que acabaram de sair da Universidade e não têm qualquer experiência".
Se calhar, para aliviar as preocupacoes do Sr ex PM Alkatiri, o melhor seria termos um batalhao de funcionarios jovens timorenses com qualidades e licenciaturas ainda mais duvidosas e acabados de sair das inumeras universidades timorenses de renome internacional.
So um problema aqui, sera que temos o suficiente para um batalhao?
Ou melhor ainda seria dismantelar o Ministerio de Financas ate um dia em que tenhamos os recursos humanos qualificados para retomar o trabalho de um tal ministerio. Nao va o diabo tece-las e fazer os meninos gerir mal o dinheiro do povo.
Agora esta tudo mais claro! Realmente o PED nao e' de interesse nacional.
E' melhor pararmos com estes planos ambiciosos todos e esperar por melhores condicoes. Quem sabe se daqui a 20 anitos nao estejamos prontos para dar o pontape de partida?
Nao se preocupem senhores, afinal diz o ditado que 'O tempo voa'.
Com firmeza rezemos a Deus ou a Allah que com o tempo nao voem tambem as oportunidades.
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