domingo, 24 de julho de 2011

Portugal: ANTÓNIO JOSÉ SEGURO É O NOVO SECRETÁRIO-GERAL DOS SOCIALISTAS





António José Seguro é o novo secretário-geral do PS, vencendo com um resultado entre 65 e 70 por cento, disse hoje à Agência Lusa fonte da Comissão Organizadora do Congresso (COC).

Com a esmagadora maioria dos votos já apurados, António José Seguro  obteve 17.604 votos contra 7.969 votos de Francisco Assis.

Nos cerca de 1.850 delegados em disputa para o Congresso Nacional do  PS, que se realizará entre 09 e 11 de setembro, a candidatura de Seguro  elegeu 1.058 contra 258 por Francisco Assis. 

Por distritos, António José Seguro venceu em todas as federações e  apenas poderá perder por curta margem no Porto, onde os apoiantes de Assis  reivindicam um triunfo por 12 votos de diferença. 

O percurso 

António José Seguro, que sucede a José Sócrates  no cargo de secretário-geral do PS, iniciou-se na política no início dos  anos 1980 e tem em António Guterres a sua principal referência política,  na linha do socialismo humanista. 

Licenciado em Relações Internacionais, António José Martins Seguro  nasceu a 11 de março de 1962 em Penamacor e é atualmente deputado do PS,  eleito pelo círculo de Braga, e docente universitário. 

Líder da Juventude Socialista (JS) entre maio de 1990 e março de 1994,  António José Seguro começou a aproximar-se da cúpula do poder socialista  quando, no início de 1992, António Guterres bateu Jorge Sampaio na corrida  ao lugar de secretário-geral do PS.

"Com António Guterres, o PS será mais fixe", declarou Seguro à Agência  Lusa a 10 de janeiro de 1992, vincando bem a sua preferência política, numa  fase em que os socialistas se encontravam divididos entre "sampaístas" (a  ala esquerda), "soaristas" (a ala direita) e a corrente surgida ao centro  dos "guterristas". 

Pela mão de António Guterres, o líder hoje eleito pelos militantes  socialistas conheceu uma ascensão rápida: desempenhou as funções de chefe  de gabinete do secretário-geral, foi eleito diretamente deputado nas legislativas  de 1991 e a partir de 1994 fez parte da Comissão Permanente do Secretariado  Nacional -- o núcleo duro do "guterrismo".

Com a vitória do PS nas legislativas de outubro de 1995, Seguro assumiu  as funções de secretário de Estado da Juventude, cargo do qual sairia para  se candidatar no segundo lugar da lista dos socialistas às europeias de  1999, atrás do cabeça de lista Mário Soares.

Em 2001, já numa altura de agonia política do segundo Governo liderado  por António Guterres, Seguro regressou do Parlamento Europeu para exercer  o cargo de ministro adjunto do primeiro-ministro. 

Os mais próximos do novo líder do PS são unânimes em considerar que  a influência dos dez anos de convivência permanente com António Guterres  marcou a sua forma presente de estar na política e ajuda a explicar o facto  de Seguro perder horas em conversas com militantes anónimos, falar nos afetos  (contra a racionalidade estrita) nas relações políticas e apresentar uma  visão telúrica da vida. 

Nesta última campanha interna para a liderança do PS, o novo secretário-geral  lembrou várias vezes o quanto em criança gostava de brincar com o peão e  com os berlindes, assim como com um jogo de futebol, numa tábua de madeira  com pregos, feita por um marceneiro de Penamacor. 

Nas legislativas de 2002, dirigiu a campanha do então secretário-geral  Ferro Rodrigues e, neste período, desempenhou em 2004 as funções de presidente  do Grupo Parlamentar de PS até à queda do Governo PSD/CDS de Pedro Santana  Lopes. 

Em 2004, esteve em vias de disputar a liderança do partido com José  Sócrates, mas, segundo relatos de socialistas de várias correntes, Jorge  Coelho, então o homem forte do aparelho, pediu-lhe para esperar. 

Nos últimos seis anos de governação de Sócrates, Seguro esteve sempre  na segunda linha, apesar de ter sido cabeça de lista por Braga nas eleições  legislativas de 2005, 2009 e 2011 e presidente das comissões parlamentares  de Educação e de Economia, além de ter coordenado a reforma do Parlamento  em 2007. 

Esperou pela saída de Sócrates, grande parte do tempo em silêncio --  como no último congresso do PS, em abril último --, evitando fazer críticas  em público à direção em funções, embora fossem conhecidas as suas divergências  quanto a aumentos de impostos contrários às promessas eleitorais, em relação  ao financiamento dos partidos e à legislação para combate à corrupção, em  que disse pretender ir mais longe.

Chega hoje a líder do PS com apoios de dirigentes que estiveram sempre  na ala direita, de gente próxima de Sócrates, e de quase toda a ala esquerda  do partido. 

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