SIC NOTÍCIAS - LUSA
António José Seguro é o novo secretário-geral do PS, vencendo com um resultado entre 65 e 70 por cento, disse hoje à Agência Lusa fonte da Comissão Organizadora do Congresso (COC).
Com a esmagadora maioria dos votos já apurados, António José Seguro obteve 17.604 votos contra 7.969 votos de Francisco Assis.
Nos cerca de 1.850 delegados em disputa para o Congresso Nacional do PS, que se realizará entre 09 e 11 de setembro, a candidatura de Seguro elegeu 1.058 contra 258 por Francisco Assis.
Por distritos, António José Seguro venceu em todas as federações e apenas poderá perder por curta margem no Porto, onde os apoiantes de Assis reivindicam um triunfo por 12 votos de diferença.
O percurso
António José Seguro, que sucede a José Sócrates no cargo de secretário-geral do PS, iniciou-se na política no início dos anos 1980 e tem em António Guterres a sua principal referência política, na linha do socialismo humanista.
Licenciado em Relações Internacionais, António José Martins Seguro nasceu a 11 de março de 1962 em Penamacor e é atualmente deputado do PS, eleito pelo círculo de Braga, e docente universitário.
Líder da Juventude Socialista (JS) entre maio de 1990 e março de 1994, António José Seguro começou a aproximar-se da cúpula do poder socialista quando, no início de 1992, António Guterres bateu Jorge Sampaio na corrida ao lugar de secretário-geral do PS.
"Com António Guterres, o PS será mais fixe", declarou Seguro à Agência Lusa a 10 de janeiro de 1992, vincando bem a sua preferência política, numa fase em que os socialistas se encontravam divididos entre "sampaístas" (a ala esquerda), "soaristas" (a ala direita) e a corrente surgida ao centro dos "guterristas".
Pela mão de António Guterres, o líder hoje eleito pelos militantes socialistas conheceu uma ascensão rápida: desempenhou as funções de chefe de gabinete do secretário-geral, foi eleito diretamente deputado nas legislativas de 1991 e a partir de 1994 fez parte da Comissão Permanente do Secretariado Nacional -- o núcleo duro do "guterrismo".
Com a vitória do PS nas legislativas de outubro de 1995, Seguro assumiu as funções de secretário de Estado da Juventude, cargo do qual sairia para se candidatar no segundo lugar da lista dos socialistas às europeias de 1999, atrás do cabeça de lista Mário Soares.
Em 2001, já numa altura de agonia política do segundo Governo liderado por António Guterres, Seguro regressou do Parlamento Europeu para exercer o cargo de ministro adjunto do primeiro-ministro.
Os mais próximos do novo líder do PS são unânimes em considerar que a influência dos dez anos de convivência permanente com António Guterres marcou a sua forma presente de estar na política e ajuda a explicar o facto de Seguro perder horas em conversas com militantes anónimos, falar nos afetos (contra a racionalidade estrita) nas relações políticas e apresentar uma visão telúrica da vida.
Nesta última campanha interna para a liderança do PS, o novo secretário-geral lembrou várias vezes o quanto em criança gostava de brincar com o peão e com os berlindes, assim como com um jogo de futebol, numa tábua de madeira com pregos, feita por um marceneiro de Penamacor.
Nas legislativas de 2002, dirigiu a campanha do então secretário-geral Ferro Rodrigues e, neste período, desempenhou em 2004 as funções de presidente do Grupo Parlamentar de PS até à queda do Governo PSD/CDS de Pedro Santana Lopes.
Em 2004, esteve em vias de disputar a liderança do partido com José Sócrates, mas, segundo relatos de socialistas de várias correntes, Jorge Coelho, então o homem forte do aparelho, pediu-lhe para esperar.
Nos últimos seis anos de governação de Sócrates, Seguro esteve sempre na segunda linha, apesar de ter sido cabeça de lista por Braga nas eleições legislativas de 2005, 2009 e 2011 e presidente das comissões parlamentares de Educação e de Economia, além de ter coordenado a reforma do Parlamento em 2007.
Esperou pela saída de Sócrates, grande parte do tempo em silêncio -- como no último congresso do PS, em abril último --, evitando fazer críticas em público à direção em funções, embora fossem conhecidas as suas divergências quanto a aumentos de impostos contrários às promessas eleitorais, em relação ao financiamento dos partidos e à legislação para combate à corrupção, em que disse pretender ir mais longe.
Chega hoje a líder do PS com apoios de dirigentes que estiveram sempre na ala direita, de gente próxima de Sócrates, e de quase toda a ala esquerda do partido.
Sem comentários:
Enviar um comentário