domingo, 24 de julho de 2011

Ex-diretor do SIED pondera apresentação de queixa-crime por violação de correspondência




CC - LUSA

Lisboa, 23 jul (Lusa) - O ex-diretor do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa pondera apresentar uma queixa-crime por violação de correspondência, depois de o jornal Expresso ter noticiado hoje que Jorge Silva Carvalho cedeu informações confidenciais à Ongoing.

A informação foi dada à agência Lusa pelo advogado Nuno Morais Sarmento, que está a estudar a possibilidade de ser apresentada, na próxima semana, uma queixa-crime no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa.

"A notícia do Expresso revela a eventual existência de situações de violação de correspondência privada, de utilização indevida da mesma e ainda acesso indevido. É esta a matéria que estou a estudar para uma eventual participação crime", explicou o advogado à agência Lusa.

Contudo, para Nuno Morais Sarmento, "à partida" não foram os jornalistas que acederam indevidamente à informação privada, sendo apenas considerados veículos da mesma.

O representante de Jorge Silva Carvalho considera que a notícia do semanário "tem por base um conjunto de elementos que indiciam ter havido violação de correspondência, nomeadamente acesso indevido ao correio eletrónico pessoal de Jorge Silva Carvalho", passível de eventual participação crime.

Entretanto, Jorge Silva Carvalho já negou ter fornecido informações à Ongoing e pediu uma audiência à primeira comissão parlamentar para prestar esclarecimentos. "Nego qualquer irregularidade no exercício das minhas funções ou qualquer quebra de sigilo ou violação de segredo de Estado", afirmou Jorge Silva Carvalho, numa declaração prestada à agência Lusa.

O antigo diretor do SIED disse ainda que quer ver "integramente apurados todos os factos que vêm descritos no jornal" e que hoje mesmo solicitou uma audição à primeira comissão parlamentar de assuntos constitucionais, direitos, liberdade e garantias.

Jorge Silva Carvalho disse ainda que "passados 21 anos de serviço prestado ao país" considera que deve "manter absoluto sigilo sobre as funções exercidas no SIED, salvo perante as entidades competentes".

Segundo o Expresso, o ex-diretor do SIED terá passado informações para a empresa Ongoing antes de abandonar a chefia dos serviços, em novembro de 2010.

O jornal escreve que as informações alegadamente passadas à Ongoing estavam relacionadas com dois empresários russos, e sobre metais estratégicos, ambas fornecidas em novembro.

Jorge Silva Carvalho apresentou a demissão dos serviços dois dias antes da cimeira da Nato, em novembro de 2010, o que não ocasião gerou alguma polémica, devido ao momento escolhido.

O despacho de exoneração é datado do dia 23 de novembro.

Sem comentários:

Mais lidas da semana