quinta-feira, 21 de julho de 2011

Recuperação económica em ritmo sólido, apesar do abrandamento do crescimento




José Sousa Dias, da Agência Lusa

Cidade da Praia, 21 jul (Lusa) -- A economia cabo-verdiana continua a recuperar num ritmo sólido, mas o crescimento económico tem estado a abrandar, contrariando a tendência dos últimos trimestres, embora possa ser uma situação conjuntural.

As extrapolações são baseadas nos últimos relatórios do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) de Cabo Verde e têm por base a avaliação resultante do último trimestre, "encravado" entre duas votações -- legislativas (06 de fevereiro) e presidenciais (07 de agosto).

Só há cerca de duas semanas é que foi aprovado o Orçamento de Estado (OE) para 2011, após quase oito meses de duodécimos, o que "ajudou" ao abrandamento do crescimento, com a grande maioria dos contratos públicos parada, aguardando pela entrada em vigor dos dinheiros governamentais.

O quadro de pré-campanha das presidenciais não permitiu também novo arranque económico mais rápido, pois a dispersão política tem desacelerado o investimento, facto que tem "preocupado" os quatro candidatos à sucessão de Pedro Pires no Palácio do Plateau (Presidência da República).

Porém, a crise económica mundial, sobretudo a questão da dívida soberana na Europa, tem passado ao lado da pré-campanha das presidenciais, e só muito raramente é falada por Aristides Lima, Jorge Carlos Fonseca, Joaquim Monteiro e Manuel Inocêncio Sousa.

As preocupações têm-se, assim, centrado nas questões políticas internas e muito pouco na parte económica, tendo em conta que as presidenciais podem mexer muito no xadrez político local caso a vitória escape ao candidato apoiado pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder desde 2001).

Ninguém fala no "day after" desse cenário, nem tão pouco nos sinais de alguma preocupação que estão a surgir na economia cabo-verdiana, com a existência de uma espécie de "tabu tácito" sobre uma eventual derrota de Manuel Inocêncio Sousa.

Uma vitória de Aristides Lima, apoiado pela ala mais conservadora do PAICV, que inclui o próprio Pedro Pires, pode deitar por terra as aspirações de José Maria Neves, primeiro-ministro e também líder do antigo partido único, uma vez que a "guerra de gerações" pode, em última instância, fazer cair o executivo.

No caso de uma vitória de Jorge Carlos Fonseca, apoiado pelo Movimento para a Democracia (MpD), a estabilidade política e económica, defende o candidato, estará garantida, uma vez que a "magistratura de influência" que promete não se intrometerá na governação.

Desta forma, os investidores aguardam o desenlace eleitoral para se "pronunciarem", sabendo, porém, de antemão, que o setor do Turismo continua "resistente" e que a implementação do Programa de Investimentos Públicos (PIP) não dependerá totalmente das presidenciais.

O crescimento da inflação, que se situou em fins de 2010 nos 2,1 por cento e que se prevê que ronde os 5 por cento no final deste ano, estava, em junho, nos 5,3 por cento, com as instituições financeiras internacionais a exigirem mais medidas para aumentar a flexibilização do mercado laboral, para impulsionar a competitividade e promover o crescimento do emprego.

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