AP - LUSA
Joanesburgo, 19 Ago (Lusa) - O Congresso Nacional Africano (ANC), partido no poder na África do Sul, anunciou hoje ter aberto um processo disciplinar contra o líder da sua Juventude, Julius Malema.
De acordo com um comunicado do partido, "o camarada Malema é acusado de variadas violações da constituição do ANC, incluindo conduta imprópria, atentados à reputação e credibilidade do partido através de declarações feitas sobre o Botsuana e de criar divisões no seio do Congresso Nacional Africano".
O comité disciplinar nacional do partido terá agora a tarefa de levar a cabo o processo disciplinar, refere o partido no poder desde 1994, que tem sido fortemente agitado em meses recentes pelas declarações do líder da Juventude, muitas delas claramente em oposição à linha oficial do partido na área económica e que vêm criando um clima de tensão entre grupos raciais e receios entre os investidores.
No plano diplomático, a liderança do ANC ficou claramente incomodada com uma declaração feita por Julius Malema num comício, segundo a qual a Liga da Juventude do ANC iria enviar uma equipa ao Botsuana para promover a consolidação da oposição contra o governo daquele país vizinho, que acusou de "cooperar com os imperialistas" e de "ser uma ameaça para o continente".
Como é norma nos processos disciplinares partidários, o arguido terá a possibilidade de se defender e de ser representado por um quadro do partido que esteja disposto a defender as suas posições.
Para além de críticas diretas e pessoais a várias figuras de topo do seu partido, Julius Malema tem-se destacado por apelar publicamente à nacionalização das minas e dos bancos como forma de "transferir o poder económico para as massas" e por defender a expropriação das terras agrícolas na posse dos brancos para as redistribuir pelos negros.
Esta semana foi também anunciado que Malema é objeto de uma investigação por parte da Provedora de Justiça na sequência de investigações de jornais como o City Press e o Sunday Times.
A imprensa revelou que muitos milhões de randes foram depositados num fundo fiduciário que Malema possui em nome de um filho menor por empresários que venceram concursos públicos na sua província, Limpopo, alegadamente por influência direta que o líder da Juventude do ANC possui junto do chefe do governo provincial. Uma empresa registada por ele é, segundo os artigos publicados, a mediadora de todos os concursos públicos na região.
A oposição tem vindo a apelar à direção geral de impostos (SARS) que investigue Malema por este ostentar sinais exteriores de riqueza - nomeadamente uma mansão de três pisos em construção num dos bairros mais ricos de Joanesburgo - incompatíveis com o salário que aufere no ANC.
*Foto em Lusa
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