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Lisboa, 04 ago (Lusa) -- As nove pessoas julgadas pelo crime de incitação à desordem social em Cabinda foram absolvidas na quarta-feira e a polícia foi considerada responsável pelos incidentes na Betânia, informou o ativista José Marcos Mavungo.
Os nove ativistas foram presos pela polícia depois de tentar contactar uma missão da União Europeia na Betânia, em Cabinda, no dia 26 de julho e acusados pelo Ministério Público de incitação à desordem social.
Num comunicado enviado à Agência Lusa, Mavungo referiu que, durante o julgamento, Ministério procurou mostrar aos jurados que os réus tiveram a intenção de manter contacto com a delegação da União Europeia (UE) de forma desordeira e barulhenta, que segundo os atuantes, criaram distúrbios sociais.
"Já os advogados de defesa trabalharam no sentido de mostrar ao júri que o barulho foi provocado pelo tiroteio e espancamentos dos agentes de polícia e militares, que apareceram no local do incidente para prender e dispersar quem ousasse contactar a delegação da UE, causando pânico e sofrimentos psicológicos nos manifestantes", refere a nota.
O ativista sublinhou que "um dos arguidos apresentava lesões corporais resultantes de espancamento."
No final da tarde de quarta-feira, no segundo dia de julgamento, o juiz Felix Guerra Ngongo leu a sentença, na qual absolveu os réus e considerou a polícia responsável pelos incidentes que se registaram na Betânia, em Cabinda, no dia 26 de julho.
A delegação europeia que visitou Cabinda durante dois dias, na semana passada, era chefiada pelo embaixador da UE em Angola, Javier Puyol, e composta pelos embaixadores da Holanda, Cor van Honk, Itália, Giuseppe Mistretta, França, Philippe Garnier, Reino Unido, Richard Walsh, e por representantes das embaixadas de Portugal e da Polónia.
A missão da UE tinha como objetivo avaliar a situação no enclave.
"Os jovens aproveitaram-se desta oportunidade (da visita da missão) para poder apresentar a situação real aqui em Cabinda, a gestão de Cabinda, a violação dos direitos humanos, as perseguições", disse Mavungo à Lusa na quinta-feira passada.
Segundo o ativista dos direitos humanos, "os jovens foram tentar encontrar-se com a missão da UE, que estava reunida com alguns religiosos (num orfanato), e a polícia surgiu com um forte tiroteio, que deixou desmaiadas quatro crianças, espancaram fortemente dois rapazes e prenderam trinta jovens".
Alguns foram libertados no mesmo dia, nove permaneceram presos e enfrentaram julgamento.
Nos últimos seis meses, "Cabinda esteve sem luz, sem água. Cabinda tem sido uma cidade fantasma", referiu ainda, acrescentando que a situação do enclave tem piorado nos últimos dois anos.
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