terça-feira, 9 de agosto de 2011

Brasil: País pacífico não pode ser confundido com um país desarmado, diz Celso Amorim


Dilma abraça Amorim na posse do novo ministro da Defesa. Ele disse que vai "mais ouvir do que falar" no cargo - foto de Roberto Stuckert Filho/Presidência

R7

Novo ministro da Defesa assume após pedido de demissão de Nelson Jobim

Celso Amorim tomou posse na tarde desta segunda-feira (8) como ministro da Defesa dizendo que cabe a ele “mais ouvir do que falar”. Em seu curto discurso de posse, Amorim afirmou que um país pacífico não deve ser confundido com um país desarmado e indefeso.

- Cabe a mim mais ouvir do que falar. Cabe a mim empenhar e obter os recursos necessários às Forças Armadas. [...] Um país pacífico como o Brasil não pode ser confundido com um país desarmado e indefeso. [...] Além da indispensável defesa da população, devemos defender nossos recursos naturais.

A escolha de Celso Amorim, um diplomata de carreira, para o comando da Defesa, desagradou aos militares que veem no chanceler "a pior surpresa" dos últimos tempos, só comparável à escolha de José Viegas Filho, também diplomata, no início do governo Lula, para o mesmo cargo.

Ele foi nomeado ministro da Defesa na última sexta-feira (5), um dia após o pedido de demissão de Nelson Jobim, que se afastou depois de ter feito críticas públicas às ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil).

Amorim enfrenta resistências porque, durante sua atuação no Itamaraty, tomou posições contrárias às dos militares. O ex-chanceler, por exemplo, priorizou a relação com Fidel Castro, de Cuba, e Hugo Chávez, da Venezuela, além de se aproximar de Mahmmoud Ahmadinejad, do Irã, regime conhecido por seu autoritarismo.
Crise não abala Dilma

Celso Amorim se reuniu no sábado (6) pela primeira vez com a presidente Dilma Rousseff e com os comandantes das Forças Armadas. Amorim almoçou com Dilma no Palácio da Alvorada, onde chegou por volta das 12h45 e de onde saiu às 15h20. Segundo a assessoria do ministério, durante a longa conversa com a presidente, o novo ministro recebeu as primeiras orientações sobre a condução da pasta.

Do Alvorada, Amorim seguiu direto para o Palácio do Planalto, onde recebeu os comandantes do Exército, general Enzo Peri; da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito; da Marinha, almirante Júlio Soares de Moura Neto e o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos de Nardi. O encontro durou 1h45.

De acordo com a assessoria da pasta, o novo ministro apresentou aos militares os motivos que o levaram a aceitar o convite para assumir o cargo. Ele disse estar com bastante disposição, prometeu se empenhar para executar as diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa, aprovada em 2008, e disse que não vai “reinventar a roda”.

Além de se apresentar ao novo ministro, os comandantes militares destacaram as prioridades de cada pasta. Ainda de acordo com a assessoria, Amorim ficou bastante satisfeito e considerou a conversa positiva. Nos próximos dias, ele deve se reunir com cada comandante individualmente a fim de conhecer mais a fundo as necessidades.

Polêmicas

Os militares criticam o fato de ele ser um homem de esquerda e temem pela condução que o novo ministro dará a temas estratégicos, como o programa nuclear, o reaparelhamento das forças e a instalação da Comissão da Verdade, que abordará violações de direitos humanos durante o regime militar.

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