CORREIO DO BRASIL, com Rede Brasil Atual - do Rio Janeiro
Criado em 2009 pela prefeitura do Rio de Janeiro, o Programa UPP Social se desenvolve de forma desigual nas comunidades. Já foram gastos cerca de R$ 850 milhões, em sua maior parte destinados ao Morar Carioca, principal projeto de habitação e urbanização da prefeitura. O objetivo da iniciativa é – promover o desenvolvimento social, incentivar o exercício da cidadania e derrubar fronteiras simbólicas nas comunidades beneficiadas pela Unidades de Polícia Pacificadora. Segundo a Secretaria Municipal de Habitação, doze das dezoito comunidades onde foram instaladas UPPs têm obras do Morar Carioca em andamento.
Outros aspectos da UPP Social, como a prestação de serviços até então inexistentes em algumas comunidades e a realização de convênios para a oferta de empregos à juventude, entre outros, também ainda não se desenvolveram satisfatoriamente. A coleta de lixo, por exemplo, ainda é desigual nos locais beneficiados. Para realizar esse serviço, a Secretaria Municipal de Conservação dividiu as favelas em três grupos: planas, íngremes e as que misturam os dois tipos de terreno.
– Teríamos cometido um erro se não levássemos em consideração essa especificação. Desenvolvemos uma logística para cada situação –, explica o secretário Carlos Roberto Osório.
Organizados pela prefeitura, os mutirões para a iluminação e conservação de áreas comuns, calçadas, escadarias e becos nas favelas beneficiadas pelas UPPs também avança de forma desigual. Segundo a Secretaria de Conservação, o mutirão está em andamento na Mangueira e no Andaraí. Novas equipes começaram a trabalhar no dia 11 de agosto no Borel, comunidade que produz em média nove toneladas de lixo por dia e desde então passou a receber a visita diária da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) e teve instalados 21 novos pontos de coleta, como caçambas e lixeiras.
Morador do Borel há seis anos, Leonardo Venâncio, de 26 anos, reconhece que a coleta do lixo na comunidade melhorou nos últimos dias: – Colocaram vários suportes e contêineres em toda a comunidade, a coisa está melhor. Temos visto o pessoal da Comlurb trabalhando no morro todos os dias, coisa que nunca aconteceu, diz o morador, que é pai da pequena Lara e trabalha como porteiro em um prédio no bairro da Tijuca.
Leonardo avalia o que mudou com a chegada da UPP: – Posso dizer que a vida no Borel melhorou 90%. Sem a bandidagem, o modo de vida ficou bem melhor, está mais fácil circular pela comunidade. Sem falar que a UPP valorizou a área e as casas, diz.
O jovem trabalhador, no entanto, ainda sente falta da prometida presença do Estado no que diz respeito a serviços como emissão de documentos e oferta de empregos:
– O governo só levou esses serviços para nós duas vezes: no início, na época da implantação da UPP, e agora, quando a UPP completou um ano. Esses benefícios nunca foram levados para a gente de forma permanente como prometeram –, diz, ressaltando que nunca viu ninguém da prefeitura nem da UPP Social no Borel.
Na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão, assim como em diversas outras comunidades ocupadas pela polícia, os mutirões de conservação e limpeza e a coleta de lixo ainda não deslancharam. Outros serviços prometidos pela UPP Social também não. De todo modo, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, garante que até o fim de outubro todas as comunidades cariocas ocupadas pela polícia ganharão de forma permanente a sua UPP Social.
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