domingo, 21 de agosto de 2011

Cabo Verde: CNE lamenta lançamento de suspeições sem provas e iliba delegado nos EUA




JSD - LUSA

Cidade da Praia, 20 ago (Lusa) - A Comissão Nacional de Eleições (CNE) cabo-verdiana lamentou hoje o lançamento de suspeitas sem provas ao seu delegado nos Estados Unidos, ilibando-o das acusações feitas pela candidatura presidencial de Jorge Carlos Fonseca.

Numa conferência de imprensa, após mais de duas horas e meia de reunião do órgão eleitoral, a porta-voz da CNE, Maria João Novais, considerou "muito grave" a suspeição levantada por Manuel Faustino, mandatário nacional de Fonseca, de que António Gerson Semedo tinha sido preso nos Estados Unidos na posse de 250 mil dólares e de 800 passaportes.

António Semedo, presente na conferência de imprensa, apresentou provas do visto caducado, o que lhe impossibilitou de entrar na quinta-feira à noite nos Estados Unidos, bem como uma lista dos bens pessoais que tinha na sua posse na altura em que foi repatriado para Cabo Verde.

Segundo Maria João Novais, o ex-delegado da CNE nos Estados Unidos, substituído já oficialmente por Adélcia Mendes, partiu na quinta-feira para os Estados Unidos com a parte restante do material eleitoral para a votação de domingo e foi à chegada a Boston (EUA) que deu conta de que o visto de permanência tinha caducado.

Os serviços de fronteira norte-americanos cumpriram os procedimentos normais, explicou Maria João Novais, e o delegado da CNE nos Estados Unidos foi repatriado para Cabo Verde.

Na lista dos bens, acrescentou a porta-voz da CNE, estava, além de roupa e outros utensílios de uso pessoal, 2.531 dólares, verba disponibilizada pelo órgão eleitoral a António Semedo para cobrir as despesas eleitorais no círculo das Américas.

"Não posso ser um bode expiatório para situações de aproveitamento político. São razões pessoais, o visto caducou, nada mais", afirmou António Semedo, ao mesmo tempo que Maria João Novais apresentava aos jornalistas cópias dos documentos dos Serviços de Fronteira norte-americanos e da caducidade do visto.

"A situação é muito grave", frisou Maria João Novais, que nada adiantou sobre quais os procedimentos que se vão seguir. António Semedo nada adiantou também sobre se irá apresentar uma queixa crime contra a candidatura de Jorge Carlos Fonseca.

Os representantes da candidatura de Fonseca na reunião aproveitaram a conferência de imprensa para saírem da sede da CNE, mas Maria João Novais indicou aos jornalistas que, mesmo depois de apresentadas as provas, solicitaram "mais provas" das razões que levaram ao repatriamento de António Semedo.

O "incidente" manchou o dia de reflexão das presidenciais de domingo em Cabo Verde, para o que concorrem Fonseca, vencedor da primeira volta, e Manuel Inocêncio Sousa, a sufragar pelos pouco mais de 305 mil eleitores inscritos.

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