quinta-feira, 8 de setembro de 2011

ANGOLA CONDENA ACTOS DE INGERÊNCIA EXTERNA


Encontro em Belgrado do Movimento dos Não Alinhados manifestou preocupação com as interferências de algumas potências nos assuntos de outros países - Fotografia: AFP

JORNAL DE ANGOLA

O secretário de Estado das Relações Exteriores, Manuel Augusto, manifestou em Belgrado, a preocupação de Angola sobre a ingerência de algumas potências nos assuntos internos de outros Estados e pediu ao Movimento dos Não Alinhados o seu empenho na procura de soluções duradouras para este problema.

"Nos últimos tempos, não se nota qualquer abrandamento na interferência de poderes externos sobre os assuntos internos de alguns países", disse Manuel Augusto, ao discursar na última sessão da Conferência Ministerial alusiva ao 50.º aniversário do Movimento dos Países Não Alinhados, que se realizou em Belgrado.

Na presença de chefes de Governo e representantes de 100 países do Movimento dos Não Alinhados, o secretário de Estado acrescentou que o "movimento precisa de estar empenhado na procura de soluções duradouras para os problemas urgentes provocados pelas mudanças recentes nas relações internacionais, servindo como mecanismo de promoção da paz, segurança internacional e unidade na abordagem de questões sensíveis".

Manuel Augusto alertou que a tendência para a ingerência por parte de grandes potências coloca em risco o princípio da soberania e da integridade territorial dos Estados. Por isso considerou necessário defender o direito dos povos a decidirem do seu próprio destino.

África no Conselho de Segurança da ONU

Manuel Augusto defende a reforma dos órgãos das Nações Unidas, "por uma questão de justiça histórica".

O Conselho de Segurança, disse Manuel Augusto, deve integrar entre os membros permanentes, "as regiões que estão mal representadas ou sem qualquer representação, como é o caso de África". Lembrou que, como membro do Movimento dos Não Alinhados, Angola aderiu aos seus princípios fundamentais, em particular o da solidariedade, empenhando-se em oferecer às nações amigas o seu apoio e cooperação no sentido de superarem as suas dificuldades e retomarem a normalidade.

Manuel Augusto reiterou o apoio de Angola "ao direito inalienável do povo palestiniano à sua autodeterminação", sublinhando ser chegado o momento de uma decisão séria sobre a Palestina na Assembleia-Geral da ONU, este mês.

Manuel Augusto exprimiu a satisfação das autoridades angolanas pelo facto do espírito de unidade, a coerência dos propósitos, a firmeza estabelecidos desde o início pelos membros fundadores, ter permitido que, ao longo dos 50 anos de existência do Movimento dos Não-Alinhados, mais de 30 países, incluindo Angola, se tornassem independentes. Outros membros, disse, tornaram-se económica e socialmente mais prósperos e milhões de seres humanos libertaram-se da opressão e recuperaram os seus direitos básicos.

O secretário de Estado das Relações Exteriores manifestou o optimismo de Angola sobre o papel futuro do Movimento dos Países Não Alinhados e disse que deve continuar a ser inspirado pelo "espírito de Belgrado" e encorajado pela sabedoria e visão que caracterizaram o Presidente Josef Broz Tito, há 50 anos. O Movimento dos Países Não Alinhados reúne 115 países, com o objectivo de criar um caminho independente no campo das relações internacionais, que permita aos Estados-membros não se envolver no confronto entre as grandes potências.

Elogios de Ban Ki-moon

O ministro das Relações Exteriores do Egipto, país que ocupa a presidência rotativa da instituição, Mohamed Kamel Amr, lembrou na cerimónia de abertura, que há 50 anos o Movimento dos Não Alinhados defende o princípio de respeito à integridade territorial e à soberania dos países, luta contra a hegemonia e defende o desarmamento nuclear. O ministro salientou que o movimento vai continuar a ajudar os países a livrarem-se do colonialismo para desenvolverem as suas políticas e economias de forma independente.
 
Numa carta, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, elogiou o Movimento dos Não Alinhados como um parceiro natural, afirmando ser uma organização internacional que promove o diálogo. Ban Ki-moon pediu que o grupo continue a reforçar a cooperação com a ONU.

À margem da Conferência Ministerial do 50° Aniversário do Movimento dos Países Não Alinhados, o secretário de Estado das Relações Exteriores teve encontros com os seus homólogos de Espanha, Marrocos e com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Etiópia, com os quais abordou questões sobre o reforço das relações bilaterais.

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