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Cerca de três dezenas de pessoas detidas na quinta-feira junto ao tribunal de Luanda vão ser julgadas na terça-feira, disse, este domingo, o segundo comandante da Polícia Nacional de Angola, Paulo Almeida.
Estas pessoas foram detidas por "arremessar pedras e enfrentarem as autoridades" junto ao tribunal onde estavam a ser julgados 21 manifestantes detidos no sábado anterior, 3 de Setembro.
Em declarações à agência Lusa, Paulo Almeida disse tratar-se de um grupo entre 27 e 30 pessoas, que continuam presas e irão a julgamento na terça-feira.
Representantes do Bloco Democrático de Angola disseram que este grupo está detido numa cadeia de alta segurança, nos arredores de Luanda, e que empreendeu uma greve de fome há quatro dias para protestar contra as condições do estabelecimento prisional e contra o impedimento de receberem visitas.
"As celas onde estão detidos são exíguas e os presos não têm qualquer tipo de assistência", queixou-se o presidente do Bloco Democrático, Justino Andrade.
Estas acusações foram refutadas pela Polícia Nacional de Angola, que negou a existência de uma greve de fome.
O líder do Bloco Democrático comentou também as sessões do julgamento dos 21 jovens detidos no sábado em Luanda numa manifestação contra o governo angolano, e defendeu que acusações contra os manifestantes "não foram provadas, bem pelo contrário".
"Há evidências claras de que a polícia usou meios exagerados e que houve uma infiltração deliberada de agentes de segurança entre os manifestantes para provocar a confusão a que se assistiu", acusou.
A sentença dos 21 jovens manifestantes detidos desde sábado será lida na segunda-feira, depois de terem sido ouvidos os polícias e as testemunhas.
"As pessoas estão a aguardar com expectativa pelo desfecho. Sinto que a população já começa a perceber que há questões que têm de ser alteradas", atestou.
Justino Andrade advertiu ainda que manifestações como a de há uma semana podem repetir-se sobretudo se o governo angolano optar por aumentar a repressão.
"Se aumentarem a repressão, eles [autoridades] vão perder o controlo. A geração actual sente que já não tem nada a perder nem a ganhar, pois já não olha para os actuais dirigentes como heróis da guerra, mas sim como exemplos de corrupção, tráfico de influências e má governação", sublinhou.
No dia 3 deste mês, um grupo de jovens realizou uma manifestação contra o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que resultou na detenção e ferimento de um número indeterminado de participantes, bem como na agressão de alguns jornalistas.
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