domingo, 11 de setembro de 2011

Angola: DETIDOS À PORTA DO TRIBUNAL DE LUANDA VÃO A JULGAMENTO NA TERÇA-FEIRA




JORNAL DE NOTÍCIAS

Cerca de três dezenas de pessoas detidas na quinta-feira junto ao tribunal de Luanda vão ser julgadas na terça-feira, disse, este domingo, o segundo comandante da Polícia Nacional de Angola, Paulo Almeida.

Estas pessoas foram detidas por "arremessar pedras e enfrentarem as autoridades" junto ao tribunal onde estavam a ser julgados 21 manifestantes detidos no sábado anterior, 3 de Setembro.

Em declarações à agência Lusa, Paulo Almeida disse tratar-se de um grupo entre 27 e 30 pessoas, que continuam presas e irão a julgamento na terça-feira.

Representantes do Bloco Democrático de Angola disseram que este grupo está detido numa cadeia de alta segurança, nos arredores de Luanda, e que empreendeu uma greve de fome há quatro dias para protestar contra as condições do estabelecimento prisional e contra o impedimento de receberem visitas.

"As celas onde estão detidos são exíguas e os presos não têm qualquer tipo de assistência", queixou-se o presidente do Bloco Democrático, Justino Andrade.

Estas acusações foram refutadas pela Polícia Nacional de Angola, que negou a existência de uma greve de fome.

O líder do Bloco Democrático comentou também as sessões do julgamento dos 21 jovens detidos no sábado em Luanda numa manifestação contra o governo angolano, e defendeu que acusações contra os manifestantes "não foram provadas, bem pelo contrário".

"Há evidências claras de que a polícia usou meios exagerados e que houve uma infiltração deliberada de agentes de segurança entre os manifestantes para provocar a confusão a que se assistiu", acusou.

A sentença dos 21 jovens manifestantes detidos desde sábado será lida na segunda-feira, depois de terem sido ouvidos os polícias e as testemunhas.

"As pessoas estão a aguardar com expectativa pelo desfecho. Sinto que a população já começa a perceber que há questões que têm de ser alteradas", atestou.

Justino Andrade advertiu ainda que manifestações como a de há uma semana podem repetir-se sobretudo se o governo angolano optar por aumentar a repressão.

"Se aumentarem a repressão, eles [autoridades] vão perder o controlo. A geração actual sente que já não tem nada a perder nem a ganhar, pois já não olha para os actuais dirigentes como heróis da guerra, mas sim como exemplos de corrupção, tráfico de influências e má governação", sublinhou.

No dia 3 deste mês, um grupo de jovens realizou uma manifestação contra o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que resultou na detenção e ferimento de um número indeterminado de participantes, bem como na agressão de alguns jornalistas.

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