segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Angola: Resposta contra manifestantes "colocou regime numa situação muito mais delicada"




SK - LUSA

Lisboa, 05 set (Lusa) -- O ativista angolano Rafael Marques condenou hoje a resposta governamental contra os jovens que se manifestaram no sábado em Luanda e alertou o Governo para "não precipitar uma situação que eventualmente possa escapar ao seu próprio controlo".

Em declarações à Agência Lusa, Rafael Marques considerou que a "resposta autoritária" de sábado contra um grupo de manifestantes que exigia a "destituição do Presidente José Eduardo dos Santos" na capital angolana "colocou apenas o próprio regime numa situação muito mais delicada".

"A reação da Polícia Nacional e da Presidência da República demonstra que não estão a aprender com o exemplo do Egito, da Tunísia e de outros países, onde a repressão só agravou a situação", vincou o ativista e jornalista angolano.

Rafael Marques enalteceu a "coragem dos jovens", que avisaram previamente as autoridades da sua intenção, e lembrou que o direito a manifestar-se está consagrado na Constituição angolana.

O fundamental neste momento, segundo o jornalista e ativista angolano, é que o Governo de José Eduardo dos Santos compreenda que o "modo como tem gerido o país - de forma autoritária - está a chegar ao fim".

"O que o Governo deve fazer nesta altura é começar a criar canais de diálogo com os vários setores da sociedade, porque este processo de transformação e de fadiga contra os regimes autoritários não vai parar", frisou Marques, salientando que Angola "também não será indiferente a isso".

"É preciso que o Governo não precipite uma situação que eventualmente possa escapar ao seu próprio controlo e atiçar ainda mais os ânimos da população", vincou.

Rafael Marques salientou igualmente a necessidade de a polícia "agir com maior transparência", designadamente dizendo "onde estão as pessoas que foram presas, apresentar uma lista dos detidos e garantir que as suas famílias os possam visitar e que estes tenham acesso a advogados".

Entre 24, segundo a polícia, e 50 pessoas, segundo fontes próximas dos manifestantes, terão sido detidas no sábado, na sequência de confrontos durante uma manifestação a pedir a destituição do Presidente angolano, no poder há 32 anos.

Jornalista de investigação e ativista, Rafael Marques tem sido um dos principais responsáveis pela denúncia de esquemas de corrupção que, alegadamente, envolvem as mais altas esferas do poder em Angola, bem como empresas e entidades estrangeiras que com ele negoceiam.


1 comentário:

Anónimo disse...

Porreiro pá !

Ó Rafael já agora chama a NATO pá !

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