ANGOLA PRESS
Praia - O primeiro-ministro de Cabo Verde escusou-se hoje (quinta-feira) a comentar as declarações de Felisberto Vieira, líder regional do partido no poder, que, em duas entrevistas à comunicação social cabo-verdiana, defendeu a demissão de José Maria Neves de líder do PAICV.
"Não comento tais declarações", disse José Maria Neves, citado pela Inforpress, quando confrontado pelos jornalistas sobre se vai colocar o cargo à disposição ou apresentar uma moção de confiança ao Parlamento.
Em causa estão as declarações de Felisberto Vieira, ex-ministro do Desenvolvimento Social e presidente da Comissão Politica Regional do PAICV de Santiago Sul, o maior circulo eleitoral do país, em que, além da demissão de José Maria Neves, admitiu a possibilidade de vários deputados eleitos nas legislativas de Fevereiro de 2011 criarem um grupo parlamentar independente.
Nas legislativas, o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder) elegeu 38 dos 72 deputados ao Parlamento, mas o grupo afecto a Vieira conta com o apoio de 11 deles, o que levaria à perda da maioria absoluta e a uma eventual queda do executivo se se juntarem aos 32 do Movimento para a Democracia (MpD, oposição).
Felisberto Vieira, que nas presidenciais apoiou o candidato Aristides Lima, disse que, depois da derrota de Manuel Inocêncio Sousa, sustentado pelo PAICV, o normal seria José Maria Neves colocar o cargo à disposição ou pedir a demissão.
As divergências entre ambos, que já vêm desde 2000 - Neves derrotou Vieira na corrida à liderança do PAICV -, acentuaram-se nas presidenciais, depois de o também dirigente da Comissão Política Nacional e antigo presidente da Câmara da Cidade da Praia ter decidido apoiar Aristides Lima em detrimento da posição oficial do partido.
A degradação das relações entre os dois agravou-se ainda mais esta semana, depois de Vieira ter ameaçado criar o grupo parlamentar independente caso o Conselho Nacional, que se reunirá no próximo fim-de-semana.
A convocação de um congresso extraordinário em que um dos temas exigidos por vários dirigentes é a expulsão dos "ratos e traidores" do PAICV, expressão utilizada por altas personalidades do partido.
Sobre a denúncia de compra de votos feita pelos partidos da oposição, por Vieira e ainda pelo candidato presidencial Aristides Lima, o primeiro-ministro cabo-verdiano reafirmou que as "críticas e suspeições" não passam de "discursos de perdedores".
José Maria Neves, que falava à imprensa na sequência de uma visita realizada à Fundação Cabo-Verdiana de Solidariedade (FCS), disse entretanto esperar que, desta vez, as instituições com responsabilidade na matéria atuem, "indo até às últimas consequências" para esclarecer as "suspeições".
*Foto em Lusa
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