terça-feira, 13 de setembro de 2011

Espião na WikiLeaks: SILVA CARVALHO BEM INFORMADO SOBRE TIMOR-LESTE




NELSON PEREIRA – i Online

Patrão do SIED tentou usar os EUA para atrapalhar a ingerência da Austrália nos acontecimentos de 2006

Jorge Silva Carvalho, o ex-patrão das secretas que viu tornadas públicas informações confidenciais, alegadamente furtadas do computador de serviço que usava enquanto director do SIED (o que motivou a queixa-crime que apresentou na Procuradoria-Geral da República a 29 de Julho), era afinal, apesar do estatuto de superespião, um homem bastante transparente.

Nos documentos divulgados pela WikiLeaks, ficamos a conhecer o teor dos contactos tidos por Silva Carvalho com a embaixada americana em Lisboa, a propósito das preocupações portuguesas no quadro da interferência da Austrália no curso dos acontecimentos políticos em Timor-Leste em 2006. Apostada em controlar o gás e o petróleo timorenses, Canberra esteve por trás das manobras que levaram ao afastamento do primeiro ministro Mari Alkatiri. Confrontado com este cenário, o então patrão do SIED abriu o jogo com os EUA, tendo conseguido atrapalhar os movimentos de bastidores da Austrália, quanto mais não seja por ter trazido à luz uma análise que mostrava estarem as secretas portuguesas muito bem informadas acerca da estratégia de Canberra.

A correspondência diplomática desviada pela WikiLeaks, referente a Junho de 2006, revela que Silva Carvalho disse então aos responsáveis da diplomacia americana em Lisboa que o governo de John Howard teria repetidamente fomentado desordens em Timor-Leste com o fim de consolidar os seus "interesses geopolíticos e comerciais". Este encontro terá ocorrido duas semanas depois de Canberra ter enviado para território timorense uma força de intervenção militar. O objectivo desta não era outro senão a mudança do regime, o passo seguinte de uma campanha contra Alkatiri que haveria de ser denunciada no relatório de Outubro de 2006 das ONU. A propósito das violações de direitos humanos durante a crise de Timor-Leste de Abril e Maio de 2006, o relatório da ONU apresentou provas de que a mudança de regime fora dirigida de fora do país. Como o então chefe do executivo timorense adoptara políticas que não eram favoráveis aos planos de americanos e australianos e das grandes empresas suas aliadas, começou por ser caluniado com uma intensa campanha na imprensa australiana que o mostrava como diabo comunista. Acabou por se demitir em consequência de tumultos.

Na documentação enviada da embaixada americana em Lisboa, 14 dias antes da demissão de Alkatiri e 19 dias depois da entrada em Timor das tropas australianas, o embaixador Al Hoffman escrevia que "Carvalho considerava que a Austrália não tinha desempenhado um papel produtivo em Timor, frisando que as manobras australianas obedecem a interesses geopolíticos e comerciais, enquanto Portugal está mais interessado na manutenção da estabilidade no território". Silva Carvalho quis deixar claro que as secretas portuguesas estavam muito bem informadas e explicou ao embaixador americano que até sabia "que tipo de botas os amotinados calçam e onde são compradas".

As cópias desta análise foram enviadas por Hoffman às embaixadas americanas em Timor, na Austrália, na Nova Zelândia e na Malásia; em Washington, ao secretário de Estado, ao secretário da Defesa, ao Conselho Nacional de Segurança e à CIA; e ao comando militar americano no Pacífico.

3 comentários:

Anónimo disse...

Caros Timorenses,

Depois de tantas evidências e golpes sujos dos Aussies, voçês ainda querem ter a lingua dos Aussies como oficial, na vossa terra??
Se calhar grande parte dos vossos amigos estão do outro lado do mundo, mais vale só que mal acompanhado, mandem os Aussies à merda.

Beijinhos da Querida Lucrécia

Anónimo disse...

"ter a lingua dos Aussies como oficial"

O Ingles nao e so a lingua dos Aussies, e tanbem a lingua mundial.E a lingua do comercio internacional. Nao e a lingua do terseiro mundo como o Portugues.

Anónimo disse...

"e tanbem a lingua mundial".

Que grande idiota. Empresários brazileiros, Angolanos, Espanhois, Argentinos não negociam entre em inglês, mas em portugues ou espanhol. Pena que só sabes falar uma lingua - inglês, de tanto assim que és tão cego e não vés mais nada além da ponta do teu nariz.

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