segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O FURACÃO “EUROPA” APROXIMA-SE




VIRIATO SOROMENHO MARQUES – DIÁRIO DE NOTÍCIAS, opinião

A máscara caiu. A Zona Euro começa a parecer-se com o "estado de natureza" descrito por Hobbes: um campo de batalha onde o limite da razão de cada um se mede pela força da sua espada (neste caso, pelo poder económico e financeiro). Arranhando a superfície, os optimistas conseguem encontrar uma desculpa. Não, não é ainda o fim. Tudo se terá resumido ao jogo de sombras de dois bluffs: o da Grécia, escudando-se no facto de 90% da sua dívida externa estar sujeita ao direito grego (podendo ser reconvertida em dracmas no pior cenário), e o da Alemanha, ameaçando deixar a Grécia entregue à sua deriva de empobrecimento.

Na verdade, não só o novo mega empréstimo à Grécia, acordado em 21 de Julho, está em risco, como também uma fatia de 8 mil milhões do empréstimo de Maio de 2010 pode ser cancelada. Neste 2.º trimestre, o PIB helénico desabou mais 7,3%, e, há dias, 10 000 funcionários públicos foram despedidos de uma só vez. Mas a fúria dos credores não parece comover-se com isso.

A demissão do economista-chefe do BCE, Jürgen Stark, é apenas o último gesto da oposição germânica à tentativa do BCE de impedir o colapso dos mercados de dívida da Itália e da Espanha. Contra a compra da dívida desses países no mercado secundário já ergueram as suas vozes o antigo e o actual presidente do Bundesbank e o presidente federal, Christian Wulff. O comissário europeu da energia, Guenther Oettinger, propôs até que as bandeiras dos países relapsos sejam colocadas a meia haste nos edifícios comunitários! O furor teutónico está à solta. Já não se tomam decisões na base do cálculo custo-benefício, mas com raiva. Só um milagre vindo de fora, de uma América que já não tem poder, de uma Ásia que ainda não o tem, ou de um FMI que não deve ter tempo, pode impedir o suicídio da Europa de voltar a incendiar o mundo.

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