segunda-feira, 19 de setembro de 2011

PALESTINA TEM APOIO DE ANGOLA





Angola espera que a 66ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, que começa oficialmente na quarta-feira, em Nova Iorque, com a presença do Vice-Presidente da República, possa dar um passo no sentido da resolução pacífica de conflitos.

Esta posição foi avançada no sábado pelo ministro das Relações Exteriores, Georges Chicoti, em Faro, Portugal, à margem da inauguração do Consulado-Geral do país naquela cidade portuguesa.

"Esta Assembleia-Geral vai decorrer sob o lema da mediação política nos conflitos. Hoje, com o conflito da Líbia, chegou-se à conclusão de que as mediações não funcionaram. O que preocupa, certamente não só Angola, mas também a maior parte dos países africanos e em vias de desenvolvimento, é o facto de alguns países poderem usar a força para resolver problemas onde não havia conflitos", afirmou o ministro Georges Chicoti.

O chefe da diplomacia angolana considerou que já houve "casos mais graves em relação aos quais se devia ter feito uma intervenção e ela não aconteceu" e defendeu que, "no caso da Líbia, podia ter-se utilizado uma forma negocial que não se usou". Além disso, manifestou dúvidas sobre se "os bombardeamentos e a ocupação militar da Líbia vão garantir estabilidade".

A preocupação de Angola em relação aos conflitos e a posição das Nações Unidas foi, também, manifestada pelo secretário de Estado das Relações Exteriores, em Belgrado, no princípio deste mês. Ao discursar na última sessão da Conferência Ministerial alusiva ao 50º aniversário do Movimento dos Países Não-Alinhados, Manuel Augusto declarou a preocupação de Angola sobre a ingerência de algumas potências nos assuntos internos de outros Estados e pediu empenho aos membros do Movimento na procura de soluções duradouras para este problema.

"Nos últimos tempos, não se nota qualquer abrandamento na interferência de poderes externos sobre os assuntos internos de alguns países", disse Manuel Augusto, na presença de chefes de Governo e representantes de 100 países do Movimento dos Não-Alinhados. Acrescentou que o "movimento precisa de estar empenhado na procura de soluções duradouras para os problemas urgentes provocados pelas mudanças recentes nas relações internacionais, servindo como mecanismo de promoção da paz, segurança internacional e unidade na abordagem de questões sensíveis".Nessa perspectiva, alertou que a tendência para a ingerência por parte de grandes potências põe em risco o princípio da soberania e da integridade territorial dos Estados. Por isso, considerou necessário defender o direito dos povos a decidirem o seu próprio destino.

África no Conselho de Segurança Outro assunto que deve merecer destaque durante a Assembleia-Geral é a necessidade de reforma dos órgãos das Nações Unidas.

O secretário de Estado das Relações Exteriores diz que é "uma questão de justiça histórica". O Conselho de Segurança, disse Manuel Augusto, deve integrar entre os membros permanentes, "as regiões que estão mal representadas ou sem qualquer representação, como é o caso de África". Lembrou que, como membro do Movimento dos Não-Alinhados, Angola aderiu aos seus princípios fundamentais, em particular o da solidariedade, empenhando-se em oferecer às nações amigas o seu apoio e cooperação no sentido de superarem as suas dificuldades e retomarem a normalidade.

Apoio à Palestina

O secretário de Estado das Relações Exteriores reiterou ainda o apoio de Angola "ao direito inalienável do povo palestiniano à sua autodeterminação", sublinhando ser chegado o momento de uma decisão séria sobre a Palestina na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas. O Brasil é outro país que defende o reconhecimento do Estado da Palestina e a necessidade de reforma nos organismos internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU.

Estas posições vão ser assumidas pela presidente Dilma Rousseff, no discurso que vai marcar a abertura da 66ª Assembleia-Geral das Nações Unidas. Mas, embora defenda o reconhecimento da Palestina, o discurso vai ser mais focado na crise económica global e na necessidade de ampliar a voz dos países emergentes, na discussão dos problemas económicos mundiais.

O Presidente palestiniano Mahmoud Abbas deve discursar na sexta-feira e pedir que o mundo reconheça o Estado palestiniano. No entanto, o caminho para a filiação plena parece bloqueado por ter de passar pelo Conselho de Segurança, um organismo de 15 membros no qual os Estados Unidos – que ainda pedem que os palestinianos voltem atrás – prometem vetar o pedido. A questão da Palestina ganhou tanto peso neste encontro, que o Presidente de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou que vai pessoalmente à ONU marcar uma posição contrária.

Pohamba escala Luanda

O Chefe de Estado da República da Namíbia, Hifikepunye Lucas Pohamba, escalou no sábado a capital angolana, em trânsito para Nova Iorque, onde vai participar na Assembleia-Geral das Nações Unidas. À sua chegada, Lucas Pohamba recebeu cumprimentos de boas-vindas do ministro da Assistência e Reinserção Social, João Baptista Kussumua, com quem privou durante uma hora, tempo previsto para o reabastecimento do avião presidencial.

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