AP - LUSA
Joanesburgo, 11 Set (Lusa) - As audiências do processo disciplinar instaurado pelo Congresso Nacional Africano (ANC) contra o líder da sua ala jovem, Julius Malema, prosseguem hoje em local secreto.
Após várias hesitações na semana passada, durante a qual as audiências do processo foram suspensas para a resolução de questões processuais, o comité disciplinar do partido decidiu levar a cabo as audiências a partir de hoje em local secreto para evitar as manifestações dos apoiantes de Malema no centro da cidade, onde se situa a sede do partido.
Empresas com escritórios nas imediações da sede do partido ameaçaram o ANC com processos judiciais se os apoiantes de Malema e as forças da ordem voltarem a envolver-se em escaramuças na área, onde as primeiras audiências tiveram lugar, afastando clientes e público da zona com sérios prejuízos financeiros para as empresas.
Malema e outros cinco dirigentes da Liga da Juventude do partido no poder na África do Sul são acusados pela liderança partidária de indisciplina e tentativas de sujar o bom nome do partido e criar divisões internas.
Amanhã as audiências serão de novo suspensas para que Malema compareça no Tribunal Penal de Joanesburgo, onde deverá ser sentenciado num processo-crime no qual é acusado de incitar ao ódio racial.
O processo-crime foi instaurado pela organização cívica Afriforum, a qual acusou Malema de incitamento ao assassínio de brancos de ascendência holandesa (os afrikaners), ao entoar em comícios cânticos com a frase "Kill the bóer" (Morte ao Boer) e "Shoot the bóer" (Disparem contra o Boer), acusação da qual o controverso dirigente político se defende com o argumento de que se tratam de cânticos herdados da luta contra o "apartheid" e, como tal, parte do património histórico do movimento de libertação.
Ontem, durante um comício no bairro pobre de Alexandra, a norte de Joanesburgo, Julius Malema voltou a desafiar a liderança do seu partido, afirmando que está "preparado" para enfrentar o comité disciplinar do partido e que nada tem a recear.
Perante cerca de um milhar de pessoas, Malema voltou a classificar os brancos do país como "ladrões" e "assassinos", que teriam roubado as terras ao povo negro, incitando os seus seguidores a "lutarem pela expropriação das terras e pela nacionalização das minas e dos bancos".
*Foto em Lusa
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