terça-feira, 13 de setembro de 2011

VÍTIMAS DE ABUSOS SEXUAIS APRESENTAM QUEIXA CONTRA O PAPA NO TPI





Amnistia Internacional refere "falha contínua" da Igreja Católica

Vítimas de abusos sexuais cometidos por padres católicos defendem que o Papa Bento XVI, o secretário de Estado do Vaticano e dois outros altos funcionários da Santa Sé cometeram crimes contra a humanidade, e apresentaram uma queixa formal no Tribunal Penal Internacional (TPI).

Segundo o jornal Guardian, a formalização da queixa ocorreu nesta terça-feira em Haia e refere-se a quatro pessoas que terão não só falhado na prevenção e punição dos responsáveis por violações e violência sexual, mas também permitido a prática “sistemática e generalizada” de crimes sexuais por todo o mundo.

Existem cartas e documentos entre funcionários do Vaticano e outras pessoas que mostram haver uma recusa para cooperar com organizações de aplicação da lei que queriam perseguir suspeitos, segundo o Centro para Direitos Constitucionais (CDC), uma organização sediada nos EUA que representa os queixosos. “Vê-se que os padres foram protegidos, mantiveram-se em funções, e é por causa destas decisões que outras crianças são violadas e sexualmente agredidas”, disse Pam Spees, advogada de direitos humanos da CDC. “Não é apenas a questão dos abusos mas a forma como a Igreja acentuou o dano, às vezes de forma irreparável”, acrescentou.

De acordo com o documento preenchido pela CDC, o Papa, como líder da Igreja Católica, é responsável pelos abusos sexuais a crianças cometidos por padres e por ocultar esses abusos. O grupo argumenta que Bento XVI e outros têm “responsabilidade directa e superior” pelos crimes cometidos por aqueles que estão num nível inferior na hierarquia da Igreja.

Os “outros” são Angelo Sodano, reitor do Colégio dos Cardeais e antigo secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal Tarcissio Bertone, actual secretário de Estado, que antes trabalhava na Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), organização que geria os casos de abuso sexual, e o Cardeal William Lavada, chefe da CDF.

Entre os casos individuais implicados, está Megan Petersen, Minnesota, uma das duas vítimas norte-americanas que apresentaram queixa ao TPI. Petersen diz ter sido violada repetidamente quando era criança por um padre da diocese de Crookston, Joseph Jeyapaul, que negou as acusações. “Estou aqui em parte para proteger as crianças. O meu violador continua a servir crianças e adultos vulneráveis, apesar das acusações criminais contra ele. Ratzinger é o líder desta organização e este é o seu rebanho. Vou fazer tudo ao meu alcance para garantir que isto não acontece a outra criança”, disse Petersen em Haia.

O último relatório anual dos direitos humanos da Amnistia Internacional cita pela primeira vez a Igreja Católica e conclui que existe uma evidência generalizada de abusos sexuais por padres nas últimas décadas e uma “falha contínua” da Santa Sé em agir.

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