segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Acusações de corrupção a ministro brasileiro responsável pelo Mundial e Jogos Olímpicos




Alexandra Lucas Coelho, em São Paulo – Público - ontem

Dilma já pediu explicações a Orlando Silva

Apenas um mês depois da quinta demisssão no seu governo, a Presidente brasileira Dilma Rousseff pediu a mais um ministro que se explique sobre as acusações de corrupção que acabam de lhe ser feitas. E trata-se nada menos do que o ministro do Desporto, Orlando Silva, ou seja, o homem que desde 2006 é o responsável pela organização dos maiores acontecimentos alguma vez previstos no Brasil, o Mundial de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

Ao longo dos últimos meses Dilma demitiu cinco ministros (Casa Civil, Agricultura, Defesa, Transportes e Turismo), quatro deles por irregularidades. A chamada “faxina” valeu-lhe tensões dentro da aliança de partidos que sustenta o governo, apoio de parte da oposição e um aumento de popularidade nacional, com taxas de aprovação acima dos 50 por cento.

Mas em nenhum caso a substituição foi tão complexa como será no ministério do Desporto, caso venha a acontecer. Orlando Silva — que é membro do PCdoB, um dos vários partidos comunistas brasileiros — já era ministro de Lula, e a sua continuação no governo Dilma visou justamente evitar sobressaltos que prejudicassem os dois mega-acontecimentos, sobretudo numa fase de negociações com a FIFA e aceleração de obras.

As acusações a Silva têm origem numa reportagem da revista "Veja", segundo a qual ele terá tido participação directa no desvio de verbas de um programa para incentivar jovens a praticar desporto. Um polícia militar, João Dias Ferreira, e um seu funcionário, Célio Soares Pereira, disseram à revista que o ministro recebeu pessoalmente dinheiro desviado, na garagem do Ministério, no final de 2008. Dias Ferreira foi preso em 2010 por suspeita de envolvimento no desvio.

Apanhado pelo caso em Guadalajara, no México, onde foi acompanhar os Jogos Pan-Americanos, o ministro negou tudo, considerando que se trata de uma “trama farsesca”. “Estou sereno, mas indignado diante de tamanha agressividade”, disse. E antecipou o seu regresso ao Brasil para dar as explicações pedidas por Dilma.

A primeira atitude da Presidente nos casos anteriores foi sempre exigir aos acusados que se explicassem. Depois de fazer o mesmo com Orlando Silva, Dilma embarcou para uma visita a África.

Ao chegar a Brasília, o ministro acusado reuniu-se com a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e, segundo a "Folha de São Paulo", anunciou-lhes que quer ir até “às últimas consequências” para provar que não pactuou com irregularidades.

Ouvido pelo mesmo jornal, Orlando Silva disse que se tornou um alvo porque o seu ministério “cresceu demais” em recursos devido ao Mundial e às Olimpíadas.

Segundo esclarecimento oficial, o ministério do Desporto está a exigir a devolução de 3,16 milhões de reais (1.31 milhões de euros), actualizados para os valores de hoje, e referente ao desvio de verbas.

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