RTP
Os cortes de luz que têm assolado praticamente todos os dias a capital de Cabo Verde nos últimos três meses só serão resolvidos definitivamente em fevereiro do próximo ano, admitiu hoje o ministro cabo-verdiano da tutela.
Chamado pelo Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, para prestar informações, Humberto Brito, ministro do Turismo, Indústria e Energia, adiantou depois aos jornalistas que o Governo está a envidar todos os esforços para minimizar a falta de energia elétrica na Cidade da Praia, provocada por sistemáticas avarias nas centrais de produção.
Humberto Brito, que recusou considerar o encontro com o chefe de Estado cabo-verdiano como um "puxão de orelhas", salientou que, às "avarias inesperadas, quiçá, sem precedentes", que têm afetado as centrais elétricas, junta-se o facto de algumas das peças de substituição solicitadas não servirem para as reparar, pelo que os cortes seletivos vão continuar até fevereiro de 2012.
Adiantando que a empresa de produção e distribuição de energia cabo-verdiana, Electra, está a proceder a um inquérito interno para apurar responsabilidades, Humberto Brito lembrou que a procura tem sido maior que a oferta, uma vez que só dois dos quatro geradores estão a funcionar, razão pela qual têm surgido os sucessivos cortes.
Humberto Brito lembrou as medidas tomadas recentemente pelo Governo para tentar melhorar a situação da empresa pública - divisão em Electra Norte e Electra Sul, instalação de cartões pré-pagos, aproximação entre a Electra e os clientes, melhoria nas formas de pagamento e fiscalização dos roubos de energia, entre outras -, mas não quantificou os prejuízos para a economia cabo-verdiana decorrentes dos sucessivos cortes diários de luz.
Insistindo na ideia de que o problema não é financeiro, mas sim das avarias e manutenção - cada grupo de geradores necessita de dois meses para tal -, Humberto Brito salientou que, mesmo com as medidas que o executivo está a tomar, não se consegue evitar, no curto prazo, cortes na distribuição de energia.
"Estamos a reduzir a possibilidade de cortes. Não há qualquer impossibilidade financeira. Mas as avarias não as podemos combater", salientou.
"Há neste momento uma grande procura. Como a capacidade atual está acima da procura era preciso dar um salto na oferta para atender à procura de hoje e dos próximos tempos. Estamos a tratar disso e os investimentos estão feitos e em fevereiro (de 2012) contamos duplicar a capacidade da Cidade da Praia", afirmou.
"A eficiência destes investimentos vai trazer ganhos enormíssimos para a economia e para a sociedade", afirmou, lamentando a situação vivida pelos cerca de 150 mil habitantes que residem na capital de Cabo Verde.
A crise na energia e também na água, problema recorrente em Cabo Verde, ganhou agora maiores contornos com a chamada de Humberto Brito à Presidência cabo-verdiana, com Jorge Carlos Fonseca a cumprir uma das suas promessas eleitorais, ao afirmar que acompanharia de perto a governação cabo-verdiana.
O assunto fora já alvo de discussões na semana passada num encontro entre Jorge Fonseca e o primeiro-ministro José Maria Neves.
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