População de Ribeira da Barca está revoltada
É caso para dizer que o bandido pode estar onde menos se espera. Um dia de excessos alcoólicos pode saldar-se em desfechos menos felizes, principalmente quando se trata de “agentes da autoridade” que agridem quem juraram defender: cidadãos inocentes e indefesos.
Praia, 10 de Outubro – Aparentemente parecia ser um domingo como tantos outros. Na pacatez da localidade piscatória de Ribeira da Barca, Santa Catarina de Santiago, esse início da noite de 2 de Outubro corria prazenteiro em conversas de rua, em grupos de amigos, onde o campeonato português de futebol era o tema central.
Filipe, Ilídio (António), José (Fonseca), Júlio (Nai) e Edmilson (Set) não poderiam supor o martírio que dentro de pouco tempo e por várias horas iriam viver num sítio onde é suposto os cidadãos estarem em segurança: a esquadra da polícia.
Por volta das 19 horas o terror iria começar: quatro agentes policiais em estado de embriaguez decidiram dar alguma animação a um dia de copos que, segundo apuramos, se iniciou logo pelas 11 da manhã. À civil, sem estarem de serviço, com a roupa desarrumada, de arma à cintura e garrafa de grogue em riste, os policiais varreram o centro da terra e resolveram levar 5 jovens para a esquadra. “Está preso!”, dizem os agentes. “Porquê?” interrogam os detidos. “Lá na esquadra é que vamos ver!” foi a resposta alarve da autoridade. E, depois da detenção, tentando intimidar vários populares que, indignados, se juntaram em frente à esquadra, um dos “valentes agentes” ainda disparou para o ar por quatro vezes.
Filipe, Ilídio, José, Júlio e Edmilson foram detidos em vários pontos do centro da terra, perante o espanto dos populares que não vislumbraram qualquer razão para a acção policial e reconhecem nos cinco, pessoas cordatas e bons cidadãos que nunca foram razão para qualquer preocupação especial.
Na esquadra sucederam-se os espancamentos e as ameaças. “Vamos matar-te” foi a alarvidade mais ouvida durante a noite. As marcas das agressões são ainda visíveis, desferidas com particular violência contra Ilídio a quem partiram o braço direito. E também não faltaram as humilhações, querendo obrigar os detidos a ajoelharem-se e pedirem desculpa. Estaladas, murros, pontapés e bastonadas foram constante no cardápio insano dos “agentes da autoridade” – à civil e de folga, repetimos -, perante a passividade dos dois colegas de serviço da esquadra de Ribeira da Barca, que nada fizeram para impedir a prática destes crimes.
“Porquê?” É a interrogação – e grito de revolta – das cinco vítimas que, na passada sexta-feira, visitaram a nossa redacção. A notícia é requentada, como se costuma dizer. Mas, para além da actualidade da notícia há um bem maior: a necessidade de justiça! A esta história voltaremos, quando a actualidade fizer do caso a emergência da notícia.
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