MJB - INFORPRESS
Cidade da Praia, 25 Out (Inforpress) - As duas centrais sindicais cabo-verdianas, CCSL e UNTC-CS, acusaram hoje o governo de violar as deliberações do Conselho de Concertação Social (CCS) e ameaçaram com acções de protesto para fazer face às medidas do executivo que vêm prejudicando os trabalhadores.
Representantes das duas organizações sindicais estão reunidos, na Cidade da Praia, para uma análise da conjuntura sócio-laboral no país, as respostas sindicais face aos desafios actuais e “alguns anúncios” feitos recentemente e que consideram nada promissor para os trabalhadores.
De entre esses anúncios, destaque para a questão do aumento salarial para 2012, aumento esse descartado pela ministra das Finanças, Cristina Duarte, que afirmou na semana passada, que não vai haver qualquer reajuste salarial.
Júlio Ascensão Silva, secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores - Central Sindical (UNTC-CS), acusou a governante de “deselegância” face ao CCS, já que, segundo explicou, a questão do aumento salarial é algo que devia ser discutido previamente entre o governo e os parceiros sociais.
“Na medida em que ela já lançou o desafio que não vai haver aumento, nós estamos aqui a discutir para vermos as respostas das duas centrais sindicais neste matéria”, disse Júlio Ascensão Silva, afirmando que “o justificativo dado, relacionado com a crise internacional não cola, já que a própria ministra tem dito que o país está blindado”.
Ainda salienta o sindicalista que, se há crise, ela tem que ser discutida em sede própria no sentido de serem tomadas as melhores medidas que abrangem a todos e não apenas os trabalhadores, que defende “não devem pagar pela crise”.
Em pauta está também o salário mínimo e 13º mês. José Manuel Vaz, presidente da Confederação Cabo-verdiana dos Sindicatos Livres (CCSL), declarou que os sindicatos estão dispostos a ir “até às últimas consequências” para verem implementadas “essas garantias do primeiro-ministro”, durante o período eleitoral.
José Manuel Vaz estranha o posicionamento da titular da pasta das Finanças e vai mais longe afirmando que Cabo Verde tem dois primeiros-ministros: “um virtual que é Dr. José Maria Neves e temos um outro primeiro-ministro, neste caso primeira-ministra, que é a Dra Cristina Duarte”.
“O primeiro-ministro disse aos sindicatos que vamos discutir estas questões em sede de Concertação Social, que vai haver o 13º e o salário mínimo e a ministra vem dizer que não vai haver nada disso”, afirmou sublinhando que os sindicatos não aceitam as declarações de Cristina Duarte como facto consumado.
José Manuel Andrade acusou igualmente o governo de violar a deliberação do CCS e a firmou mesmo que os sindicatos estão a desacreditar nesse órgão que foi posto de pé com o apoio da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para evitar os conflitos sociais.
Uma mega manifestação foi proposta no início do mês de Outubro pela União dos Sindicatos de Santiago, filiada na UNTC-CS.
Júlio Ascensão Silva e José Manuel Vaz não confirmaram se a mesma continua ou não de pé, salientando, apenas, que o assunto está ser analisado com todas as estruturas e dirigentes sindicais.
A reunião do CCS estava prevista para o mês de Agosto, conforme dados dos sindicatos, mas a mesma vem sendo adiada. Os sindicatos exigem a sua realização antes da aprovação do Orçamento de Estado, entregue ao Parlamento, na semana passada.
*Foto em Lusa
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