Leonete Botelho - Público
Pedro Passos Coelho chega hoje a Brasília com um "visto" especial: o Presidente da República promulgou ontem o decreto-lei que estabelece as regras da privatização da EDP, na qual há desde já duas empresas brasileiras interessadas, das seis que já entregaram as suas propostas à Parpública.
É esta a face mais visível do bom ambiente para negócios que o primeiro-ministro português quer promover com o Brasil. Hoje à tarde, quando reunir com a Presidente da República, Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, Passos Coelho irá deixar bem claro que o Brasil é o primeiro país da comunidade lusófona que visita, simbolizando a prioridade que dá à "parceria estratégica" com o gigante da América Latina.
A EDP é uma das importantes oportunidades de investimento que Portugal tem para oferecer ao Brasil, mas não é a única. Há um ano, o Governo português e a Embraer anunciaram a participação de Portugal no programa de desenvolvimento do jacto de transporte militar KC-390 e, na semana passada, durante a visita a Portugal do ministro da Defesa brasileiro, o seu homólogo português, Aguiar-Branco, afirmava que esta parceria "está para lá da pura lógica de compra de um avião militar". E acrescentou a possibilidade de, "no âmbito da construção naval, haver um reforço na cooperação em função das necessidades, quer do ponto de vista empresarial, quer do ponto de vista das empresas brasileiras e da Marinha brasileira".
Pedro Passos Coelho passa por Brasília em trânsito entre Bruxelas e o Paraguai, onde a partir de sexta-feira se realiza a XXI Cimeira Ibero-Americana, à qual a Presidente brasileira vai faltar. E só em Assunção, a capital paraguaia, se junta ao Presidente da República e ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, numa representação reforçada ao mais alto nível com a qual Portugal quer mostrar o seu interesse no aprofundamento das relações com a América Latina.
Ao que o PÚBLICO apurou, o primeiro-ministro leva à cimeira não apenas uma mensagem de afectos, mas sobretudo de oportunidades. Passos Coelho deverá dizer aos chefes de Estado e Governo sul-americanos que a crise actual, não sendo apenas europeia, é também um momento de oportunidades económicas e que Portugal tem hoje muito a oferecer nesse domínio. Longe de Lisboa, não lhe custará enaltecer as relações empresariais hoje muito significativas com os países latino-americanos, na sequência do trabalho realizado pelo anterior governo na internacionalização de empresas de áreas tão diversas como a construção civil, a banca, o turismo, as energias e as novas tecnologias, em especial a marca Magalhães, que se tornou símbolo na Venezuela e na Colômbia.
Antes da cimeira, também Cavaco Silva faz "escala" para ser homenageado pela Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil, em São Paulo.
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