quinta-feira, 3 de novembro de 2011

África do Sul: HOMICÍDIO DE CASAL LUSO-DESCENDENTE COM CONTORNOS DE EXECUÇÃO




PÚBLICO – LUSA

A forma como um casal luso-descendente foi assassinado na noite de terça-feira na localidade sul-africana de Alberton, a sul de Joanesburgo, teve contornos de execução, refere a imprensa sul-africana, uma versão confirmada também pela polícia.

Segundo a descrição da cena do duplo homicídio feita pelo jornal “The Star” a partir de testemunhos de empregadas domésticas das vítimas que encontraram os corpos na manhã de quarta-feira, Carlos e Ana de Sousa teriam sido amarrados de pés e mãos, amordaçados com fita adesiva e baleados na cabeça.

Fontes da polícia e amigos do casal confirmaram à Lusa aquela versão dos acontecimentos, o que deixa em aberto a possibilidade de as vítimas terem sido mortas por alguém que conheciam.

Um elemento importante nesta teoria, confirmado pelas mesmas fontes, é que a residência da família Sousa não apresentava sinais de arrombamento ou entrada forçada.

O corpo do marido, Carlos de Sousa, de nacionalidade sul-africana e ascendência madeirense, foi encontrado por uma empregada doméstica na manhã de quarta-feira numa casa de banho nas traseiras da residência.

O da mulher, Ana, de nacionalidade portuguesa, foi encontrado pela empregada num dos quartos da residência.

Uma fonte que pediu anonimato disse à Lusa que um pequeno cofre e uma arma de fogo pertencente às vítimas encontram-se entre os dois artigos furtados pelo presumível assaltante ou assaltantes.

As autoridades, que disseram esta manhã não ter ainda procedido a qualquer detenção, escusam-se a revelar detalhes sobre o duplo homicídio de forma a “não prejudicar as investigações em curso”.

O tenente-coronel Ndou, porta-voz provincial dos serviços de polícia, disse à Lusa que “os investigadores estão a seguir várias pistas e a analisar vários cenários, a partir de provas forenses recolhidas no local, tais como impressões digitais, registos telefónicos e outras”.

O casal, que deixa dois filhos de 25 e 29 anos, possuía uma pequena empresa de construção civil com sede na residência onde vivia e onde o ocorreu o duplo assassínio.

Com este crime, ascende a quatro o número de portugueses e luso-descendentes assassinados desde Janeiro na África do Sul, três dos quais na zona consular de Joanesburgo.

A 1 de Outubro um casal e um filho menor, com 13 anos, foram assassinados no subúrbio de Walkerville, também na zona sul de Joanesburgo. O pai e o filho menor tinham nacionalidade portuguesa, a mãe era sul-africana.

O cônsul-geral de Portugal em Joanesburgo, Carlos Marques, disse à Lusa que “este duplo crime provocou grande consternação” e que todo o apoio consular está já a ser prestado à família.

“Naturalmente que estamos consternados e tristes, mas, apesar do caráter trágico dos acontecimentos, 2011 é, até agora, o ano em que menos portugueses e luso-descendentes foram assassinados na área consular de Joanesburgo desde 1991”, salientou o cônsul-geral português.

“Em nenhuma circunstância, passada ou presente, se verificaram ataques contra portugueses neste país. Os portugueses são é, por vezes, vítimas de uma sociedade que é, em si mesma, violenta. São vítimas das circunstâncias, tais como os sul-africanos em geral”, concluiu Carlos Marques.

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