JOSÉ RIBEIRO – JORNAL DE ANGOLA, opinião em A Palavra do Diretor
Imaginem que os nossos partidos políticos trabalhassem sempre para conseguirem consensos, sem abandonar a luta.
Imaginem que os deputados se portassem como verdadeiros representantes da Nação legitimados pelo voto popular e representantes dos que confiaram na sua mensagem política.
Imaginem que alguns dos nossos investigadores e intelectuais passavam a vida à procura de soluções para os graves problemas que ainda enfrentamos.
Imaginem que alguns empresários angolanos eram tão bons a gerir, a criar postos de trabalho, a produzir tudo o que nos falta.
Que bom era que se juntassem ao Presidente da República no seu esforço de levar água potável a todos, dotar as comunidades de saneamento básico, promover o comércio rural, conceder crédito de campanha aos camponeses, construir casas para jovens que trabalham de manhã à noite para terem uma vida honrada, levar saúde e educação a todos os lugares, às mais recônditas aldeias.
Imaginem que alguns dos nossos dirigentes desportivos faziam tudo para que o desporto chegasse aos bairros de todas as cidades de Angola, às aldeias do mundo rural, às crianças de todas as escolas. E que em vez de se esconderem na hora da derrota, aparecessem de peito aberto a dizer que pessoas de moral fazem das derrotas vitórias e aceitam com desportivismo qualquer resultado, sem desculpas nem subterfúgios.
Imaginem que a comunicação social só dava notícias confirmadas, rigorosas, verdadeiras e jamais atentava contra a honra e o bom-nome de pessoas e instituições, em vez de fazer julgamentos na praça pública, publicar manchetes que são autênticos assassinatos de carácter.
Imaginem que Angola tinha seguido em paz pelos caminhos da independência a seguir ao dia 11 de Novembro de 1975 em vez de ser dilacerada por profundos golpes dos invasores estrangeiros. E mais: que tínhamos conseguido, há 36 anos, este clima de fraternidade e reconciliação. Que nunca ninguém tinha disparado uma arma. Que os professores tinham continuado a dar aulas nas escolas de todos os graus de ensino, que os médicos, enfermeiros e outros técnicos de saúde cuidavam dos doentes, que os comerciantes faziam os seus negócios, que os industriais produziam aquilo de que necessitávamos para viver, que os políticos angolanos produziam ideologia e encontravam as melhores soluções para que o povo angolano fosse feliz. Imaginem só que os órgãos de informação portugueses se preocupavam com os actos de corrupção em Portugal, denunciavam os interesses obscuros de alguns patrões da comunicação social portuguesa ou de “jornalistas” amestrados na arte e engenho de mentir e caluniar, em vez de dignificarem o jornalismo.
Imaginem que Angola começa a ser tratada pela comunicação social dos EUA e da Europa como nós tratamos todos os países com quem temos relações diplomáticas.
Imaginem que os saudosistas dos impérios coloniais um dia acordam e resolvem pedir desculpas pelo sofrimento infinito que causaram aos povos colonizados, em vez de continuarem a portar-se como capatazes, armados com o chicote da mentira, da calúnia e da infâmia.
Imaginem que Angola era tratada e respeitada por certos jornalistas que montaram banca no negócio da intriga, como nós, apesar de tudo, os respeitamos, ainda que partindo do princípio de que não têm dimensão para considerarmos as suas infelizes existências.
Imaginem só como conseguimos, contra ventos e marés ser um grande povo e um grande país.
Sem comentários:
Enviar um comentário