segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Cabo Verde: COMO DESVIAR 140 MIL CONTOS DO BCA



NOTÍCIAS DO NORTE

Existem milhares de contos “esquecidos” nos Bancos. Ou seja: contas milionárias que passam vários anos sem serem movimentadas pelos titulares. Em alguns bancos “essas contas foram consideradas ‘contas bloqueadas’ e é preciso um determinado nível de autorização para se ter acesso a essas contas” e quem tem esse nível pode movimentar o dinheiro sem a autorização do titular.

O jornal A Semana informou que “As investigações ao caso de desfalque no Banco Comercial do Atlântico (BCA) no Porto Novo indicam que afinal o buraco deixado pelo ex-gerente Alcindo Rocha é muito maior do que inicialmente se pensava: chega a cerca de 140 mil contos”. Mas, a pergunta que se coloca é como é que um gerente de uma pequena cidade consegue desviar cerca de 140 mil contos de um banco como o BCA? De acordo com as fontes citadas pelo ASemana “Ao que tudo indica, o caso foi despoletado por uma cliente cuja conta foi movimentada sem autorização. Após essa denúncia, uma auditoria realizada na agência do Porto Novo detectou que Alcindo Rocha tinha feito vários desvios, utilizando dados dos clientes do banco, emigrantes sobretudo”.

Milhares de contos esquecidos nos Bancos

NN falou com vários funcionários bancários para saber como é possível a um gerente estar quase dez anos a desviar dinheiro sem ser descoberto. A primeira revelação é surpreendente: existem milhares de contos “esquecidos” nos bancos. Ou seja: contas milionárias quem passam vários anos sem serem movimentadas pelos titulares. Em alguns bancos “essas contas foram consideradas ‘contas bloqueadas’ e é preciso um determinado nível de autorização para se ter acesso a essas contas”. Diz a nossa fonte “ que no caso do BCA os gerentes de Agências tem um nível que lhes permite ter uma password que lhes dá acesso a essas contas bloqueadas. E tudo indica que o gerente do Porto Novo tinha acesso a essas contas”. Outro bancário diz que “ com o tempo o Gerente acaba por saber as contas que ‘nunca foram movimentadas” ou que dificilmente podem ser movimentados. E como ele tem permissão pode mexer nessas contas”. Explica que é um processo simples “ o funcionário com um nível de password que lhe permite aceder as contas bloqueadas pode movimentar a conta, desde que faça movimento da conta para outra conta o sistema considera isso normal. Se fizer movimentos de pequenas quantias para contas no exterior, mais difícil fica descobrir “

Um morto pode continuar a transferir dinheiro

Assim faz sentido a revelação de A Semana que “O ex-gerente da agência do BCA terá ainda declarado à polícia que o dinheiro não foi parar à sua conta bancária mas sim a outras contas no exterior”. Tendo o nível que lhe permitia aceder a essas contas “ pode ter ao longo dos anos feito vários movimentos para outras contas no estrangeiro, e poderia passar o resto da vida a fazer isso, desde que fossem contas realmente esquecidas e que ninguém reclamasse”. Dizem as nossas fontes “ que pode haver casos de pessoas que morreram no estrangeiro e que o facto nunca foi comunicado aos bancos porque o dinheiro nunca foi reclamado” Neste caso pode-se fazer os movimentos que nunca se saberá que “ a ordem de transferência não foi dada pelo ‘morto’, mas sim pelo funcionário que tem o nível para aceder a conta do … morto

A denúncia

No caso de Alcindo o problema terá surgido do único lado que podia surgir: o titular de uma “conta esquecida” resolver saber do seu dinheiro e constatou que alguém havia “mexido “ na sua conta. Apresentou queixa e “ uma investigação as contas bloqueadas detectou a falcatrua”. Como é natural a Administração do BCA está em silêncio sobre a forma como o seu funcionário conseguiu desviar cerca de 140 mil contos, apenas diz que “todos os eventuais prejuízos são assumidos pelo Banco”.

Os bancários com quem o NN falou dizem que o “ problema está no perfil das pessoas que chegam ao cargo de gerente. O que implica terem acesso a terminado nível de password”. E explicam que “ não é por acaso que casos do género não acontecem nem nas sedes, nem nas principais delegações, mas sim nas agências de pequenas localidades “. O julgamento de Alcindo Rocha vai mostrar como foram desviados 140 mil contos de contas de clientes no BCA. NN apresentou hipóteses avançadas por bancários que lidam no dia-a-dia com essas questões e sabem que o sistema tem falhas.

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