quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Governos procuram "soluções financeiras" para avançar com construção de vagões



CFF – LUSA

Lisboa, 30 nov (Lusa) - Os governos de Portugal e Moçambique estão à procura de "soluções financeiras" para poder avançar com o projeto de criação de uma empresa luso-moçambicana de construção de vagões, disse hoje à Lusa fonte portuguesa.

"Os estudos [de mercado e de viabilidade económico-financeira] provam que a ideia tem pés para andar, mas agora põe-se o problema do financiamento [...] dada a situação do nosso país e de Moçambique", disse à agência Lusa Carlos Frazão, presidente do conselho da administração da EMEF, empresa do grupo CP que participará no processo pela parte portuguesa.

O responsável da Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) adiantou que este foi um dos assuntos em cima da mesa na I Cimeira Luso-Moçambicana, que terça-feira decorreu em Lisboa, e que os dois executivos procuram agora financiamentos para avançar para a criação da empresa de capitais mistos, que deverá chamar-se Vamoz-Vagões de Moçambique.

"Estamos à procura, fundamentalmente os governos, de soluções financeiras para avançar com o projeto", disse Carlos Frazão, acrescentando que, para a EMEF participar no processo, tem ainda que "ter na sua mão" uma carta de compromisso dos Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM), indicando uma quantidade de vagões a construir "que justifiquem o empreendimento".

"São estas coisas todas que estão em cima da mesa e em análise", disse Carlos Frazão, adiantando que o investimento inicial rondará os oito milhões de euros, quatro milhões para cada parte.

"Está tudo dependente do financiamento e da carta de compromisso dos CFM", sublinhou, adiantando que prossegue, com a ajuda do Governo, a procura de "parceiros institucionais ou privados" e que a operacionalização do projeto depende da "rapidez" com que se conseguirem esses parceiros.

"Mas, temos que reconhecer que a época é muito má para este tipo de coisas. Vamos ver", ressalvou.

O presidente da EMEF acredita que o empenhamento dos dois governos fará o processo avançar, adiantando que pela parte da empresa "o projeto está arquitetado ao mais ínfimo pormenor".

Sobre o projeto, Carlos Frazão revelou que o estudo de viabilidade aponta para a construção de mais de 1.600 vagões, ao ritmo de 500 vagões/ano, e lembrou que há ainda grande potencial na recuperação do parque de locomotivas e vagões dos caminhos de ferro de Moçambique.

"É um negócio com um grande potencial. Os CFM precisam de um parceiro institucional para colaborar com eles, porque a rede ferroviária ficou muito debilitada com a guerra civil e acho que o parceiro institucional natural seríamos nós", disse.

Os ministros dos Transportes e Comunicações de Portugal, à altura António Mendonça, e de Moçambique, Paulo Zucula, assinaram em fevereiro um protocolo para a constituição de uma empresa de capitais mistos para produzir vagões para Moçambique.

O protocolo prevê que as partes estruturais dos vagões sejam construídas nas instalações da EMEF, no Entrocamento, sendo depois enviadas para Moçambique onde a indústria local acrescentará outras componentes.

O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, disse terça-feira na conferência de imprensa final da I Cimeira Luso-Moçambicana, que, uma vez identificada "esta sinergia" entre uma empresa portuguesa e outra moçambicana, "não há razão para que não se possa aprofundar".

"Há todo o interesse e toda a viabilidade económica neste projeto", sublinhou o primeiro-ministro.

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