PÚBLICO
"Se a Europa não muda, terá de haver uma revolução", diz Mário Soares, numa entrevista publicada nesta terça-feira pelo jornal i, a propósito do livro que o antigo Presidente e primeiro-ministro português vai lançar na quarta-feira.
"Um Político Assume-se" é o título desse livro do dirigente socialista que, na entrevista em causa, assinala que a Europa "está numa crise profundíssima", culpando o que considera ser a colonização da política europeia pelo neoliberalismo.
"A União Europeia está desorientada. Dantes era constituída por duas grandes famílias políticas: os socialistas e os democratas-cristãos que seguiam a doutrina social da Igreja. Hoje não há democratas-cristãos, ou quase não há, porque já não seguem a doutrina social da Igreja, seguem o neoliberalismo, tendo o dinheiro como principal valor".
Também os socialistas europeus se entregaram a esta ideologia, considera Soares, atribuindo ao antigo primeiro-ministro britânico, Tony Blair, uma "influência maléfica", porque "convenceu bastantes partidos socialistas europeus a converterem-se à 'terceira via'".
"O dilema que existe hoje já vem de há dois ou três anos: ou mudam o modelo de desenvolvimento ou todos os Estados europeus vão entrar numa decadência profunda", sustenta Mário Soares, que já foi também deputado europeu em Bruxelas.
O actual primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, é ele próprio um neoliberal cujo governo acolhe os conselhos da troika "como se fossem ordens", critica Soares, apontando que "esse é o mal". "A troika, como diz, bem, o presidente do BPI [Fernando Ulrich], é um conjunto de tecnocratas de quinta ou sétima linha, que julgam poder governar por nós. Alguém aceitará que tecnocratas estrangeiros governem o nosso país? Mas por que carga de água?", questiona o histórico militante e fundador do PS.
Apesar disso, Soares diz que simpatiza com Pedro Passos Coelho, com quem tem "almoçado e conversado". "Tenho apreço por ele", mas ideologicamente pertence a uma família política diferente. "É um neoliberal. Acho que o neoliberalismo, nos últimos anos, tem sido a desgraça do planeta. Temos de mudar de paradigma, espero que pacificamente. Da mesma maneira que o colapso do comunismo nos trouxe uma aura de liberdade, tem de suceder com o neoliberalismo. Que é hoje uma ideologia esgotada".
Soares tem igualmente "alguma esperança" numa "revolução pacífica" e na "ruptura profunda" na organização da Europa que, para subsistir ", não pode deixar de ser uma federação democrática". "É verdade que estão a nomear primeiros-ministros não eleitos. É grave. Digamos que foi em casos de emergência. Mas vão ter, queiram ou não, de mudar", argumenta o político que ajudou a negociar a entrada de Portugal na então Comunidade Económica Europeia. "Se não mudam, vai ser terrível. Não só para nós como para o resto do mundo. E não sabemos onde podemos parar. Se for assim, terá de haver uma revolução."
"A União Europeia está desorientada. Dantes era constituída por duas grandes famílias políticas: os socialistas e os democratas-cristãos que seguiam a doutrina social da Igreja. Hoje não há democratas-cristãos, ou quase não há, porque já não seguem a doutrina social da Igreja, seguem o neoliberalismo, tendo o dinheiro como principal valor".
Também os socialistas europeus se entregaram a esta ideologia, considera Soares, atribuindo ao antigo primeiro-ministro britânico, Tony Blair, uma "influência maléfica", porque "convenceu bastantes partidos socialistas europeus a converterem-se à 'terceira via'".
"O dilema que existe hoje já vem de há dois ou três anos: ou mudam o modelo de desenvolvimento ou todos os Estados europeus vão entrar numa decadência profunda", sustenta Mário Soares, que já foi também deputado europeu em Bruxelas.
O actual primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, é ele próprio um neoliberal cujo governo acolhe os conselhos da troika "como se fossem ordens", critica Soares, apontando que "esse é o mal". "A troika, como diz, bem, o presidente do BPI [Fernando Ulrich], é um conjunto de tecnocratas de quinta ou sétima linha, que julgam poder governar por nós. Alguém aceitará que tecnocratas estrangeiros governem o nosso país? Mas por que carga de água?", questiona o histórico militante e fundador do PS.
Apesar disso, Soares diz que simpatiza com Pedro Passos Coelho, com quem tem "almoçado e conversado". "Tenho apreço por ele", mas ideologicamente pertence a uma família política diferente. "É um neoliberal. Acho que o neoliberalismo, nos últimos anos, tem sido a desgraça do planeta. Temos de mudar de paradigma, espero que pacificamente. Da mesma maneira que o colapso do comunismo nos trouxe uma aura de liberdade, tem de suceder com o neoliberalismo. Que é hoje uma ideologia esgotada".
Soares tem igualmente "alguma esperança" numa "revolução pacífica" e na "ruptura profunda" na organização da Europa que, para subsistir ", não pode deixar de ser uma federação democrática". "É verdade que estão a nomear primeiros-ministros não eleitos. É grave. Digamos que foi em casos de emergência. Mas vão ter, queiram ou não, de mudar", argumenta o político que ajudou a negociar a entrada de Portugal na então Comunidade Económica Europeia. "Se não mudam, vai ser terrível. Não só para nós como para o resto do mundo. E não sabemos onde podemos parar. Se for assim, terá de haver uma revolução."
- Veja a entrevista na íntegra Mário Soares: “SE A EUROPA NÃO MUDA, TERÁ DE HAVER UMA REVOLUÇÃO” – entrevista, em SEPARATAS TEMPORÁRIAS, do Página Global, na Barra Lateral, acima de TÍTULOS DIÁRIOS.
- Outros títulos em SEPARATA
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