quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O que mais impressinou foi a motivação do crime, diz promotora responsável pela acusação




DESTAK - LUSA

A promotora de Justiça responsável pelo pedido de prisão preventiva de Duarte Lima no Brasil afirmou hoje que o que mais a impressionou no caso do assassinato de Rosalina Ribeiro foi a motivação do crime.

"Achei muito desproporcional ele ter feito o que fez por seis milhões de euros - que é uma quantia muito considerável - mas que, para uma pessoa do porte dele, pela riqueza que tem, pelo estilo de vida sofisticado que tem e sendo uma figura pública, achei muito desproporcional", declarou a promotora Gabriela de Aguillar Lima.

Em conferência de imprensa realizada hoje, no Rio de Janeiro, a promotora comentou pela primeira vez o teor das provas colhidas pela Polícia do Rio de Janeiro, nas quais baseou a decisão do pedido de acusação e prisão preventiva contra o ex-deputado.

Duarte Lima foi acusado pela justiça brasileira de ter matado Rosalina Ribeiro, que foi secretária e companheira do milionário português Lúcio Tomé Feteira. Na terça-feira passada foi pedida a prisão preventiva do ex-deputado.

Segundo a responsável, as primeiras explicações enviadas por Duarte Lima, via fax, à Justiça brasileira, "caíram por terra" com provas técnicas como imagens da câmara de segurança do hotel onde estava Rosalina e de documentos que confirmaram que esteve no local um dia antes do crime, ao contrário do que havia afirmado à polícia inicialmente.

"[O que Duarte Lima disse inicialmente] caiu por terra por outras provas técnicas que também foram bem aliadas e que mostraram que tudo o que ele falou não conferia", afirmou a promotora, a exemplificar os principais pontos de incoerência.

"Disse que deixou a senhora Rosalina num hotel, em Maricá, na companhia de outra senhora chamada Gisela, ou Gisele, e as câmaras do hotel não confirmaram isso. Também foi feito contacto com donos do hotel e não havia nenhuma hóspede que se chamasse Gisele, nem nenhuma pessoa que tivesse relação com a senhora Rosalina", ressaltou.

Numa outra altura em que a polícia do Rio de Janeiro tentou entrar em contacto com Duarte Lima, o ex-deputado terá dito que estava protegido por sigilo profissional, o que não era verdadeiro.

"Efectivamente ele nunca foi advogado da senhora Rosalina, não havia nenhuma procuração outorgada pela senhora Rosalina ao Duarte Lima, então ele não estava acobertado por nenhum sigilo profissional", explica.

De acordo com Gabriela, Duarte Lima, noutro momento, recusou falar à polícia alegando que, como suspeito, deveria ter tido acesso ao processo. A promotora observa, no entanto, que até então isso não havia ocorrido porque ele próprio se dizia apenas testemunha e não suspeito.

"Foram vários mecanismos com os quais ele, na verdade, só atrapalhou a investigação e, na medida em que atrapalhava, fazia com que as suspeitas recaíssem cada vez mais sobre a sua pessoa", reforçou.

O Ministério Público brasileiro defende que Duarte Lima terá assassinado Rosalina Ribeiro por esta se recusar a assinar um documento a negar um depósito de 5,2 milhões de euros na sua conta bancária.

Rosalina Ribeiro foi morta a 07 de Dezembro de 2009. Inicialmente foi dada como desaparecida e só depois foi encontrada morta com dois tiros em Saquarema, na região dos Lagos, no estado do Rio de Janeiro.

À data do crime, Duarte Lima era advogado de Rosalina Ribeiro num processo de disputa da herança de Lucio Tomé Feteira.

Segundo fontes judiciais, Duarte Lima, antigo presidente do grupo parlamentar do PSD, pode ser julgado em Portugal se as autoridades brasileiras o pedirem, ou à revelia, uma vez que Portugal não extradita cidadãos nacionais.

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