terça-feira, 15 de novembro de 2011

Portugal: Jornalistas da RTP e RDP dizem que relatório sobre serviço público...




... põe em causa "integridade e deontologia"

RTP

O Conselho de Redação da RTP lamentou hoje o relatório sobre o serviço público de comunicação social, considerando que "põe em causa a integridade e deontolgia" dos jornalistas do canal público de televisão.

"No documento confunde-se de forma deliberada os conceitos de Estado e de Governo para insinuar que os jornalistas da RTP são permeáveis a pressões políticas e que produzem um trabalho desajustado à realidade do país e aos objetivos do serviço público de televisão", afirma o Conselho de Redação da RTP, num comunicado em que "reprova e lamenta" o conteúdo do documento do grupo de trabalho coordenado pelo economista João Duque.

Este grupo representativo da redação da RTP garante, na mesma nota, que "os jornalistas da RTP elaboram vários serviços noticiosos de excelente qualidade e isenção" e que são "profissionais exigentes e isentos".

Quanto à eventual redução da informação na RTP, o Conselho de Redação considera ainda que "é contrária ao princípio do acesso livre e generalizado da população portuguesa consagrado no contrato de serviço público de televisão" e que constitui "um atentado à liberdade e livre informação que caracterizam um Estado democrático de direito".

Também o Conselho de Redacção da rádio estatal emitiu hoje um parecer sobre o relatório conhecido na segunda-feira em que rejeitou a extinção de qualquer estação de rádio pertencente à RTP por considerar que "os canais existentes são essenciais para o cabal cumprimento do serviço público de rádio".

A mesma entidade rejeitou ainda "a diminuição dos noticiários" uma vez que "a qualidade e a independência da informação não dependem dos tempos dos noticiários" assim como a "extinção da Entidade Reguladora para a Comunicação Social" já que o "modelo alternativo proposto compromete a missão que o regulador deve ter".

O Conselho de Redacção da RTP Rádio considerou ainda que as recomendações apresentadas para os serviços públicos de comunicação social "pressupõem a criação de um modelo mais estatizado, menos democrático e que, no limite, coloca em causa a independência e a dimensão editoriais".

Em jeito de conclusão, este grupo representativo dos trabalhadores da RTP Rádio "lamenta a parcialidade e a falta de objetividade das apreciações e recomendações" e pede resposta a várias questões.

O Conselho de Redacção da RTP pretende assim saber "quais os poderes que intervêm de forma `ilegítima ou eticamente reprovável` na informação do serviço público de rádio", "qual o controlo que, no entender do grupo de trabalho deve ser exercido pelo parlamento", "o que é que o grupo de trabalho entende por informação "essencial" e quem deve definir esse conceito" e "de que forma os serviços informativos do Estado devem ficar limitados aos `serviços indispensáveis ao equilíbrio da informação`".

1 comentário:

Luís Paulo Rodrigues disse...

Quanto à limitação da informação nos meios públicos “ao essencial”, para evitar “a intervenção ilegítima ou eticamente reprovável dos diferentes poderes na informação da rádio, TV e agência do Estado”, considero uma ideia absurda, porque significa um atestado de incompetência às direcções editoriais dos meios de comunicação públicos e prenuncia o fim do serviço público de informação. Basicamente é isto: se um meio de comunicação estatal só difunde as inócuas notícias de agência limitadas o mínimo, deixa de ter razões para existir. Donde, é o fim do serviço público de informação.

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