ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA*
O MPLA conta nas suas fileiras com cinco milhões de militantes. Só? Isso quer dizer que há para aí 15 milhões que ainda o não são. E isso é grave. Muito grave.
Segundo afirmou hoje, no Lubango capital da Huíla, o secretário-geral do MPLA, Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse”, este volume é resultado – pois claro – do bom desempenho do partido.
Diz um dos órgãos oficiais do partido/regime (a Angop) que o político “fez esta afirmação durante o acto central de massas em alusão as comemorações dos 55 anos da fundação do MPLA, acrescentando que o partido sempre soube adaptar e ajustar as grandes transformações decorrentes no país e no mundo, sendo por isso considerado uma organização dinâmica e atenta”.
O também deputado à Assembleia Nacional disse que o sistema político adoptado no primeiro Congresso Ordinário do partido, em 1977, já não correspondia à nova realidade mundial e limitava o crescimento do MPLA, dai ter decidido passar de partido único e selectivo para o de massas.
Uau! De partido único e selectivo para o de massas. Por este andar, a bem da democracia – que não existe - e de um Estado de Direito – que Angola não é – não tardará muito que o número de militantes supere os 100 por cento da população.
“Mercê da sua abertura, o número de militantes cresceu consideravelmente e foi a partir desse momento que se passou a integrar nas suas fileiras membros saídos de outras forças políticas identificadas com o seu programa, quando até ao seu 3º Congresso, em 1991, contava apenas com 65.362 militantes”, realçou.
É só a somar. De facto, quem tem barriga necessita – regra geral – de comer alguma coisa. E se os angolanos sabem que, mesmo sendo apenas para conseguir um prato de pirão, é preciso ser militante do MPLA, então não têm outro caminho. E fazem bem.
“O MPLA é, por isso, um partido nacional, independente, progressista e moderno, cuja política assenta no socialismo democrático”, disse Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse”, acrescentando que desde a sua fundação, em 10 de Dezembro de 1956, é a força política que mais tem marcado a história de Angola.
Dizer que o MPLA é um partido progressista, moderno, defensor do socialismo democrático é o mínimo dos mínimos dos qualificativos. Do mesmo modo, dizer que o partido foi a força que mais tem marcado a história de Angola, peca por defeito e demasiada modéstia.
É que o MPLA é a força política que mais tem marcado a história de Angola, de Cabinda, de África, da Lusofonia e do mundo. Todos sabem que é um paradigma que todos querem seguir, seja em matéria de equidade social ou de luta contra a corrupção…
“Dino Matrosse” disse também que com o MPLA e sob a liderança do presidente José Eduardo dos Santos, o povo angolano conquistou a paz em 2002, feito que permitiu a realização das segundas eleições em 2008 e a implementação efectiva do processo de construção e reconstrução nacional já plasmado no seu programa.
E tanto assim é que só existem 68% de angolanos afectados pela pobreza, a taxa de mortalidade infantil só é a terceira mais alta do mundo, com 250 mortes por cada 1.000 crianças, só 62% da população angolana não tem acesso a água potável, só 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos.
“Dino Matrosse” sustentou ainda que as sucessivas vitórias do MPLA (democráticas, transparentes e credíveis) confirmam a sua forte ligação ao povo traduzida, na palavra de ordem “O MPLA é o povo e o povo é o MPLA”.
* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
Título anterior do autor, compilado em Página Global: É tal o nível da democracia que as eleições de 2012 em Angola não carecem de observadores
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