terça-feira, 20 de dezembro de 2011

"Desfile por Macau, Cidade Latina" celebrou 12 anos de transferência da administração...



... de Portugal para a China

FV - LUSA

Macau, China, 20 dez (Lusa) - Um "mar de gente" encheu as ruas de Macau para ver e participar no desfile multi-cultural que assinalou os 12 anos da transferência da administração do território de Portugal para a China.

As icónicas Ruínas de São Paulo deram o sinal de partida do "Desfile por Macau, Cidade Latina", que durante mais de três horas levou dragões voadores, samba, capoeira, danças chinesas e outras, como a tradicional "Dança das Tesouras", do Peru - classificada este ano como Património Cultural Imaterial da Humanidade -, às principais ruas e ruelas do bairro de São Lázaro, fortemente marcado pela arquitetura colonial portuguesa.

Numa mistura de cores e sons, a fazer lembrar o carnaval, os cerca de 700 artistas de todo o mundo - Portugal, Brasil, França, Itália, Colômbia, Chile, Venezuela, Peru, Equador, Costa Rica -, em conjunto com grupos de Macau e do interior da China, seguiram depois com o exotismo performativo até à Praça do Tap Seac, onde deram um espetáculo multi-étnico sob o signo do "amor, paz e integração cultural".

O grupo português Tumbala, com uma sonoridade "active funk jazz", resultante de instrumentos construídos a partir de "tubos" e outros materiais reciclados, foi um dos que se destacou entre os participantes no "evento de grande escala".

"Foi muito engraçado ter o contacto com diferentes culturas, mas ao mesmo tempo muito familiares", realçou Paulo Morais, um dos elementos dos Tumbala, no território há 20 dias para a preparação do espetáculo e de um workshop.

A "multiculturidade" era visível tanto nos que desfilavam como nos que assistiam. O colombiano Sebastián, a viver em Sidney, foi vítima de uma feliz coincidência: veio a Macau visitar o amigo Thalis, estudante brasileiro de comunicação e media, e foi "apanhado" na "experiência fantástica" da parada.

Não sabe o porquê da festa, mas também não importa: "Eu amo isto. Solamente quiero bailar", soltou, já completamente contagiado pelo cortejo.

Já para os locais, como Sara Figueira, de 24 anos - o dobro dos anos da transferência de poderes do exercício da soberania de Macau de Portugal para a China -, a transição não passou despercebida.

"Macau está diferente, tem menos portugueses. (...) Tem mais casinos, mas continua giro por causa destas coisas que acontecem, das paradas, das Ruínas de São Paulo, dos sítios, dos jardins", enumerou.

E, sem qualquer saudosismo de outros tempos, afirmou: "Estou a achar muito giro. Macau já precisava de uma coisa destas para mostrar a multiculturalidade que a cidade tem".

O também português Nuno Sá, publicitário, de 36 anos, não tem as comparações de Sara, porque está a viver em Macau há uns meses, mas, reconheceu mérito na ideia do governo local.

"Achei uma mistura muito engraçada de músicas, nacionalidades, de cores. É uma forma peculiar de comunicar uma transferência, convidando imensos países para estarem presentes, com os seus hábitos, as suas culturas e as suas danças", afirmou, ao reconhecer a "surpresa" quando chegou à Praça do Tap Seac".

O "Desfile por Macau, Cidade Latina" contou com um orçamento de 14 milhões de patacas (1,3 milhões de euros).

A verba serviu para mostrar que Macau "é uma cidade de cultura aberta", e "não é só jogo", conforme tinham referido, na apresentação do evento, Guilherme Ung Vai Meng, presidente do Instituto Cultural, e Gary Ngai, presidente da Associação de Macau para a Promoção do Intercâmbio entre a Ásia Pacífico e América Latina (MAPEAL).

*Foto em Lusa

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