Ana Gomes Ferreira - Público
O partido Rússia Unida, de Vladimir Putin, venceu as eleições legislativas russas de domingo e segurou a maioria absoluta por 13 lugares, segundo os resultados preliminares divulgados pela Reuters. Com 95,7 por cento dos votos contados, não se confirma o cenário que foi sendo avançado ao longo de domingo, sobre a perda da hegemonia na Duma, a câmara baixa do Parlamento, mas confirma-se uma certeza: milhões de russos voltaram as costas ao partido de Putin.
A contagem de votos divulgada às 7h desta segunda-feira indicava que o Rússia Unida arrecadou 238 dos 450 lugares da Duma, graças aos 49,54 por cento dos votos obtidos. Nas eleições de 2007, o mesmo partido obtivera 64,3% dos votos e 253 assentos parlamentares, dominando assim uma maioria de mais de dois terços da Duma, capaz de aprovar por si só mudanças constitucionais.
Pelo que esta foi uma vitória com um lastro de perda — perda de popularidade, de influência e de autoridade por parte do homem que domina a Rússia há mais de uma década. Putin foi Presidente, depois primeiro-ministro, após cumprir dois mandatos presidenciais consecutivos (o limite constitucional) e é agora candidato nas presidenciais de 4 de Março de 2012, para o que abdicou de ser de novo líder do Governo.
O Partido Comunista da Federação Russa quase duplicou o resultado de 2007, conseguindo 19,16% dos votos, que se traduzirão em 92 deputados. Seguem-se o Rússia Justa (social-democrata, próximo de Putin, com 13,22% e 64 assentos parlamentares) e o Partido Liberal Democrata de Vladimir Jirinovski (nacionalista, 11,66% e 56 deputados).
No domingo à noite, quando a manutenção da maioria absoluta ainda não era uma certeza, um dos dirigentes do partido Rússia Unida, Boris Gryzlov, falou aos jornalistas: “Esperamos ainda conseguir a maioria. Podemos dizer que continuamos a ser partido no poder”.
Ainda é, mas o ciclo Putin aproxima-se do fim. “É o princípio do fim”, frisou à Reuters o analista político russo Andrei Piontkovski. “Este resultado mostra que os líderes do país e o seu partido perderam prestígio”.
O resultado destas eleições tem múltiplas consequências. A primeira delas foi expor que existe uma fractura na Rússia de hoje, entre os eleitores com memória e os eleitores pouco interessados em fazer leituras do passado. Entre os eleitores que acreditam, ou simplesmente aceitam, um género de governação, e os eleitores com vontade de mudança.
Outra consequência foi lançar dúvidas sobre as presidenciais. Putin, dizem as sondagens, irá ganhar. Mas poderá manter o seu estilo de governação? “A tendência para o autoritarismo legitimizado, e em primeiro lugar o de Putin, está a desaparecer. E não me parece possível que se possa governar um país quando toda a gente nos odeia”, disse Andrei Piontkovski.
Notícia actualizada às 7h25 de 5/12/2011: actualizada a contagem de votos, confirmando-se a maioria absoluta do partido Rússia Unida. Alterado, por isso, o título, acrescentando-se a subida de votos dos comunistas.
Pelo que esta foi uma vitória com um lastro de perda — perda de popularidade, de influência e de autoridade por parte do homem que domina a Rússia há mais de uma década. Putin foi Presidente, depois primeiro-ministro, após cumprir dois mandatos presidenciais consecutivos (o limite constitucional) e é agora candidato nas presidenciais de 4 de Março de 2012, para o que abdicou de ser de novo líder do Governo.
O Partido Comunista da Federação Russa quase duplicou o resultado de 2007, conseguindo 19,16% dos votos, que se traduzirão em 92 deputados. Seguem-se o Rússia Justa (social-democrata, próximo de Putin, com 13,22% e 64 assentos parlamentares) e o Partido Liberal Democrata de Vladimir Jirinovski (nacionalista, 11,66% e 56 deputados).
No domingo à noite, quando a manutenção da maioria absoluta ainda não era uma certeza, um dos dirigentes do partido Rússia Unida, Boris Gryzlov, falou aos jornalistas: “Esperamos ainda conseguir a maioria. Podemos dizer que continuamos a ser partido no poder”.
Ainda é, mas o ciclo Putin aproxima-se do fim. “É o princípio do fim”, frisou à Reuters o analista político russo Andrei Piontkovski. “Este resultado mostra que os líderes do país e o seu partido perderam prestígio”.
O resultado destas eleições tem múltiplas consequências. A primeira delas foi expor que existe uma fractura na Rússia de hoje, entre os eleitores com memória e os eleitores pouco interessados em fazer leituras do passado. Entre os eleitores que acreditam, ou simplesmente aceitam, um género de governação, e os eleitores com vontade de mudança.
Outra consequência foi lançar dúvidas sobre as presidenciais. Putin, dizem as sondagens, irá ganhar. Mas poderá manter o seu estilo de governação? “A tendência para o autoritarismo legitimizado, e em primeiro lugar o de Putin, está a desaparecer. E não me parece possível que se possa governar um país quando toda a gente nos odeia”, disse Andrei Piontkovski.
Notícia actualizada às 7h25 de 5/12/2011: actualizada a contagem de votos, confirmando-se a maioria absoluta do partido Rússia Unida. Alterado, por isso, o título, acrescentando-se a subida de votos dos comunistas.
Oposição russa vai contestar nas ruas resultados eleitorais
Várias forças políticas da oposição russa vão manifestar-se hoje em Moscovo e noutras cidades russas para protestar contra os resultados eleitorais, considerando-os adulterados a favor do Partido de Putin.
Ivan Melnikov, um dos dirigentes do Partido Comunista da Federação da Rússia, baseou-se em sondagens realizadas pelos comunistas para afirmar que essa força política devia conquistar "o mínimo de 25 por cento dos votos" e não os 19 por cento atribuídos pela Comissão Eleitoral da Rússia.
Segundo ele, o Partido Comunista irá defender os seus interesses nos tribunais, mas convocou também para hoje manifestações em Moscovo e várias cidades da Rússia.
Os partidos que não foram autorizados a participar no escrutínio também convocam os seus apoiantes para as ruas de Moscovo a fim de protestar contra os resultados, pois consideram que as eleições "não passaram de uma farsa".
Movimentos como Solidariedade, Frente de Esquerda e Nós exigem que "o poder seja devolvido ao povo".
Na véspera, a polícia deteve mais de 170 manifestantes da oposição em Moscovo e São Petersburgo, mas as manifestações de hoje são permitidas pelas autoridades.
A Comissão Eleitoral Central da Rússia anunciou ter recebido 117 queixas de irregularidades durante o escrutínio de domingo.
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