RTP - LUSA
Mais de 500 emigrantes portugueses protestaram hoje, em Osnabruck (Alemanha), contra o fecho do vice-consulado local e a transferência da sua jurisdição para Dusseldorf, colocando a bandeira nacional a meia-haste e içando uma bandeira preta no Centro Português de Osnabruck.
Na assembleia realizada nas instalações da mesma associação estiveram representações de lusodescendentes de vários pontos da área consular, deputados do PS e do PCP e conselheiros das comunidades eleitos na Alemanha.
"Até veio gente de Bremen e de Bremerhaven, a mais de 200 quilómetros daqui, a sala esteve cheia", disse à Lusa Nelson Rodrigues, coordenador da plataforma "Osnabruck Não desiste", criada para lutar contra o encerramento do posto consular.
"Nenhum dos critérios que o governo apontou para encerrar representações diplomáticas se aplicam ao vice-consulado de Osnabruck", garantiu Nelson Rodrigues.
Entre as várias intervenções a criticar a decisão do ministro dos negócios estrangeiros, destacou-se a do presidente da Federação das Associações Portuguesas na Alemanha (FAPA), Vítor Estradas, que apelou aos emigrantes para deixarem de enviar dinheiro para Portugal.
O dirigente associativo anunciou que a FAPA vai lançar uma campanha a favor da suspensão das remessas dos emigrantes, exortando-os também a trazer o dinheiro que já depositaram em Portugal para os países onde se encontraram, enquanto Lisboa não revogar a decisão de encerrar consulados e reduzir o número de professores de Português parara os lusodescendentes.
O deputado comunista João Oliveira, por seu turno, sublinhou na sua intervenção que as estruturas consulares não podem ser vistas como empresas que devem ter saldo positivo, e que em primeiro lugar devem estar as necessidades das comunidades emigrantes.
Paulo Pisco, deputado socialista pelo círculo da Europa, que na segunda-feira se reunirá com o vice-cônsul em Osnabruck, Manuel da Silva, disse à Lusa que viu uma comunidade "absolutamente indignada" e sem perceber as razões que levaram o governo a tomar a decisão de encerrar o vice-consulado.
Sublinhou ainda que o prejuízo resultante do fecho do posto consular afetará não só a atual geração de portugueses, mas também os seus filhos, porque pode estar em causa também o apoio financeiro de algumas autarquias alemãs da área consular ao ensino de Português em Osnabruck e Rheine, por exemplo.
A área consular de Osnabruck abrange 23 mil portugueses espalhados por uma superfície de 61 mil quilómetros quadrados, cerca de dois terços do território de Portugal Continental.
O vice-consulado tem, além do responsável do posto, três funcionárias que efetuaram mais de seis mil atos consulares em 2010, uma média per capita superior à de todos os outros postos consulares na Alemanha, e as suas receitas em emolumentos superam largamente as despesas de manutenção, excetuando os custos de pessoal.
Segundo o movimento "Osnabruck Não Desiste", o posto consular na Baixa-Saxónia distingue-se também pela qualidade de atendimento dos seus serviços, e o Consulado-Geral de Dusseldorf, que já tem mais de 20 mil utentes, não está em condições de absorver número idêntico de utentes do vice-consulado que o governo pretende extinguir.
*Foto em Lusa
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