DEUTSCHE WELLE
Moscou registrou a maior manifestação em dez anos. Russos protestaram contra o resultado das eleições parlamentares. Mais de 50 mil policiais foram mobilizados. Dezenas foram presos em diversas cidades russas.
Dezenas de milhares de pessoas se reuniram no sábado (10/11) em toda a Rússia para protestar contra fraudes nas eleições parlamentares russas, realizadas há uma semana, nas maiores manifestações no país em uma década.
Segundo os organizadores, a passeata em Moscou reuniu até 100 mil manifestantes. A polícia contabilizou em 25 mil os participantes da passeata da capital, que se concentrou na praça Bolotnaya, próxima ao Kremlin, no centro de Moscou. A Praça Vermelha e outras áreas públicas da cidade foram bloqueadas pelas forças de segurança.
Grande contingente
Um contingente de mais de 50 mil policiais foi mobilizado para o local, e helicópteros sobrevoavam a baixa altitude o centro da cidade. As autoridades, que nos últimos anos sempre agiram severamente para impedir comícios menores da oposição, haviam permitido uma manifestação de até 30 mil pessoas.
"Hoje é um dia feliz", disse o ex-primeiro-ministro Mikhail Kasyanov, um crítico do governo. "Se aqui há hoje 100 mil pessoas, amanhã seremos um milhão!”, afirmou. "Isso pode levar a uma mudança na política russa.”
Muitos usavam fitas brancas ou flores brancas em suas roupas, símbolos do movimento de protesto. Outros carregavam bandeiras vermelhas comunistas ou com as cores imperiais ou mesmo bandeiras com a cor laranja do movimento de protesto da oposição liberal Solidarnost. Cartazes pediam a demissão de Putin e a libertação dos presos políticos como o ex-oligarca Mikhail Khodorkovsky. Ultranacionalistas estavam também evidentes no meio da multidão.
Manifestações também ocorreram em diversas outras cidades do país. Na segunda maior cidade, São Petersburgo, cerca de 5 mil pessoas tomaram parte em um ato aprovado pelo governo. Numa manifestação não aprovada pelas autoridades, policiais desfizeram a passeata e detiveram dezenas de ativistas.
Prisões
No extremo leste da Rússia e na Sibéria, os protestos já haviam começado no sábado. Na cidade de Vladivostok, centenas de militantes da oposição se reuniram na área do porto. Em Krasnoyarsk, cerca de 3.500 pessoas tomaram as ruas, de acordo com ativistas. Em um comício em Khabarovsk, também houve dezenas de detenções, de acordo com a agência de notícias RIA Novosti.
Cerca de 1.600 pessoas já foram presas até agora nos protestos desde a eleição em 4 de dezembro. "Chegou a hora de nos livrarmos das correntes", afirmou uma das principais figuras da oposição, o blogueiro Alexei Navalny, numa mensagem
enviada da prisão, após ter sido preso em um protesto na segunda-feira. "Não somos gado ou escravos. Temos uma voz e temos força para defendê-la ", disse na mensagem, lida por um colega no protesto de Moscou.
A oposição acusa o Kremlin de praticar fraude eleitoral em favor do partido da situação, Rússia Unida, que ganhou novamente a maioria absoluta dos assentos parlamentares. Segundo resultados oficiais divulgados na sexta-feira, o Partido Rússia Unida ganhou 49,32% dos votos, permitindo que a agremiação mantenha o controle da Duma, o Parlamento russo. Isso significa que o partido vai ficar com 238 assentos dos 450 lugares da Duma, uma perda de 77 deputados. Apesar deste declínio, opositores têm afirmado que os resultados reais devem ser muito menores.
MD/dpa/afp - Revisão: Carlos Albuquerque
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