Elisa Fonseca, da agência Lusa – SOL
É de pequenino que se começa a aprender o português no Canadá, uma terra onde a língua é vagamente estranha, por ser um país oficialmente bilingue, de inglês e de francês.
O ensino do português nos primeiros níveis de aprendizagem cabe, na larga maioria, a escolas surgidas na própria comunidade portuguesa, embora o sistema educativo das principais províncias garanta igualmente a possibilidade de requerer um professor de língua estrangeira se existir um número mínimo de alunos.
Mariana Teixeira Valente, de 10 anos, e Alexandra Matos Gerko, de 11, são duas alunas do 4.º ano da Escola portuguesa de Santa Cruz, em Montreal, no Canadá.
Desde os seis anos de idade que acordam nos sábados às seis da manhã para irem à escola portuguesa e, embora o português seja um estudo meramente complementar à frequência das escolas oficiais, fazem-no pelo «gosto de aprender».
No edifício do centro comunitário da Missão católica portuguesa de Santa Cruz, começa às nove horas da manhã a aula de quatro horas, em que a professora Zulmira fala num tom descontraído em plena interactividade com os alunos.
A oralidade é a prioridade, mas lê-se e escreve-se e aprende-se ainda História de Portugal e Geografia.
No final da aula, Mariana e Alexandra contaram à Lusa o porquê de aprenderem o Português numa manhã que poderia ser dedicada ao descanso ou à brincadeira.
Mariana respondeu sem papas na língua: «Eu digo sempre na escola francesa na sexta-feira: amanhã tenho que ir à escola portuguesa. [E eles dizem:] Tu não tens sorte, tu tens de ir à escola portuguesa! Eu não tenho sorte?».
«Eu adoro ir à escola Portuguesa», prosseguiu. «Eu gosto de vir cá porque cada dia aprendo umas coisas novas e é bom», justificou.
Se para Mariana a fluência do português foi mais fácil por ter ambos os pais portugueses, no caso de Alexandra, filha de uma portuguesa e de um russo, já não fala o português em casa. «Só falo português quando vou a casa da minha avó», explicou.
«Eu gosto de aprender o Português porque é outra língua que eu posso usar no futuro. Quero ser veterinária ou engenheira e pode ser que eu não vá trabalhar só no Canadá, onde precisamos de falar inglês e francês, mas pode ser que vá para o Brasil ou Portugal e outros países onde falam o português», disse.
Ao todo, este ano são quase 370 alunos que frequentam as duas escolas portuguesas da Missão católica portuguesa de Santa Cruz em Montreal, que já existem há 40 anos.
Lusa/SOL
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