quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O CRÁPULA FALOU, ESTÁ FALADO!




ANTÓNIO VERÍSSIMO

ATÉ QUANDO? ATÉ QUANDO?

Foi no canal da SIC que o tempo de antena de quase 40 minutos permitiu que o aldrabão-mor, Passos Coelho, explanasse os seus ditames acerca da atual situação do país relativamente ao Orçamento de Estado que foi aprovado pela maioria parlamentar, vulgo Representantes do Bando de Mentirosos. Escutar o crápula por tanto tempo careceu de muito espírito de sacrifício por parte dos portugueses que tiveram a firmeza de sofrer ainda mais durante aqueles intermináveis minutos. O mentiroso-mor mostrou a sua raça neoliberal, insensível, servidora de uma casta super, para ele, que tudo faz por defender com denodo.

O entrevistador, de algum modo servil e acomodado, lá lhe fez umas quantas perguntas mais incómodas. Questionou-o sobre aquilo que ele disse e prometeu quando era líder da oposição ao governo de Sócrates e também quando protagonizou em campanha eleitoral, de onde saiu vitorioso. O que ele disse e prometeu é o contrário daquilo que ele está a fazer… Mas Passos não reconheceu que mentiu, afirma que o espírito de então é exatamente o mesmo de antes e que se preocupa muitíssimo com a classe média e com os famintos de Portugal, mas que esta austeridade, que recai quase exclusivamente sobre eles, é necessária. Com enorme prosápia afirmou que “os portugueses sabem”. O que os portugueses sabem é que ele é o mentiroso-mor deste governo. Um governo abjeto com a cumplicidade de Cavaco Silva.

Que portugueses sabem que é necessário ter um primeiro-ministro crápula? Não sabem, nem têm de saber tal facto, porque não é necessário, antes pelo contrário, andarmos às ordens que nos miserabilizam vindas de um crápula daquela dimensão, rodeado de outros que tais no seu pomposo governo. A austeridade tem sido para os que menos meios já tinham, para os que praticamente nada tinham e para a classe média. De resto, para a casta superior que Passos Coelho defende a austeridade é praticamente zero. Vendem-se mais iates, mais automóveis topo de gama, mais e melhores perfumes, mais de tudo que tem sido sempre consumo dos mais ricos. Os restaurantes mais caros não fecham portas, os hotéis mais caros idem. Nada que seja frequentado pelos mais ricos vai à falência. No entanto a perspetiva pertinente do fecho de restaurantes e cafés frequentados pela classe média e pelos pobres vão falir aos milhares e prevê-se que cerca de 40 mil empregados destes estabelecimentos de restauração desemboquem no desemprego.

É aviltante a “lata” que este crápula, Passos Coelho, tem. É um nojo que urge depurar do cargo que lhe foi proporcionado por via de tantas mentiras que veio dizendo a partir do momento em que assumiu a liderança do PSD. É aviltante que os portugueses vejam no Parlamento e nas televisões aquele crápula a exibir a sua hipocrisia com o maior dos desdéns por aqueles que ele próprio já empurrou e vem empurrando outros para a miséria. Afinal a maioria dos portugueses. Há fome em Portugal, a aumentar exponencialmente. O mesmo acontece com pessoas que perdem casas, algumas dão em Sem-Abrigo porque as suas gritantes necessidades as levam para o desnorte. Famílias despedaçadas é o que aumenta mais, crianças com fome, que chegam às escolas com fome são em número que já representam milhares… A isso Passo diz nada ou mente com todos os dentes que tem. Insensível, inumano, máquina tecnocrata e neoliberal para quem o negócio dele são os números e nada a mais que isso. Números que têm que reverter sob a forma de cifrões a favor da sua casta.

Até quando? Até quando? Até quando? Até quando?

*Também publicado em PÁGINA LUSÓFONA, blogue do autor

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