terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Participações de sequestro aumentam na comunidade portuguesa na Venezuela



Público - Lusa

O número de participações de sequestro de cidadãos portugueses aumentou na Venezuela, uma situação decorrente de campanhas de sensibilização e da percepção de que as embaixadas e consulados podem ajudar nessas situações, informaram fontes policiais e consulares.

"Este ano ainda não terminou, mas há 51 casos participados e no ano passado foram apenas 39. Há uma maior confiança nas entidades portuguesas, na Embaixada e consulados, e também nas autoridades venezuelanas. O número cresceu porque as pessoas começam a acreditar mais na actuação da polícia e têm participado mais", explicou uma das fontes à agência Lusa.

Admitindo que esse número corresponde apenas "a 10 ou 15 por cento do valor global" dos sequestros que envolvem portugueses, a mesma fonte declarou que o aumento da confiança se deve a vários contactos entre as autoridades portuguesas e a comunidade, palestras sensibilizando para a prevenção e de não se pagarem resgates a criminosos e ainda para a confiança na polícia venezuelana.

"A comunidade tem reagido muito bem, baixou o número de sequestros em regiões problemáticas como Guatire e Los Teques", frisou a mesma fonte, precisando que os raptos afectaram sobretudo comerciantes das áreas de venda de bebidas, padarias, supermercados, floricultura, talhos, restaurantes, lojas de ferragem, e estudantes.

Na Venezuela existem duas circunscrições consulares, Caracas, capital do país, e em Valência, capital do Estado de Carabobo (200 quilómetros a leste).

Em Caracas, segundo o cônsul-geral Paulo Martins Santos, "no passado a comunidade não tinha consciência de que o consulado e a embaixada podiam ajudar e isso está a mudar, as pessoas já perceberam isso e ligam para um número telefónico de emergência que funciona 24 horas por dia".

Paulo Martins Santos explicou que o consulado "trabalha em grande articulação com um inspector" da Polícia Judiciária de Portugal, "que é o especialista nesta área".

"Temos conseguido uma articulação frutífera. Aqueles casos em que o inspector, com a sua experiência, acompanhou, a maior parte ou quase todos acabaram bem. Nos casos que terminaram em assassínio não houve intervenção da Embaixada nem do Consulado, as pessoas não nos contactaram e quando falámos com algumas, elas manifestaram não querer a nossa ajuda", disse.

O cônsul-geral alertou que, "se ninguém contar o que está a acontecer, dá a ideia (em Lisboa) de que não há problema nenhum e no futuro teremos menos recursos" para atender os portugueses nestas situações.

"A comunidade precisa de apoio, o problema existe e é preciso acompanhá-lo. Temos feito um grande esforço e enviado sistematicamente toda a informação para Lisboa", disse à Lusa, lembrando também o diálogo entre as autoridades dos dois países.

Na área de Valência, segundo o cônsul António José Chrystêllo Tavares, a situação é diferente, "as pessoas não estão muito motivadas a dar informações".

"Descobrimos os casos de sequestro muitas vezes com muito tempo de atraso, porque as famílias têm medo, muito medo de falar, porque como são ameaçadas temem pela vida dos familiares. Estamos a tentar sensibilizá-las, mas continua um muro de silêncio tão grande como antes", disse.

O cônsul frisou ainda que, com o apoio do inspector da Polícia Judiciária de Portugal, no início de 2012 haverá uma acção de sensibilização junto da comunidade portuguesa local, para a importância de tomar precauções, efectuar as denúncias e contactar as autoridades portuguesas nos casos de sequestro.

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