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Luanda, 05 dez (Lusa) - A polícia angolana "claramente não respeitou o direito de manifestação" no sábado em Luanda, disse hoje a ativista Lisa Rimi, da organização não-governamental Human Rights Watch (HRW), à Agência Lusa, a propósito dos incidentes ocorridos durante aquela iniciativa anti-governamental.
Contactada telefonicamente a partir de Luanda, Lisa Rimi, que se encontra em Lisboa, esclareceu que não foi espancada, como reportaram informações postas a circular imediatamente a seguir à manifestação de cerca de 100 jovens junto à Praça da Independência, na capital angolana.
"A polícia quis afastar os observadores e a imprensa do local. Só atuou contra os manifestantes", frisou.
Lisa Rimi, que é diretora para África da HRW, disse à Agência Lusa que procurou acompanhar ao longo do dia as tentativas de organização da manifestação, tendo-se deslocado designadamente ao bairro do Cazenga, um dos pontos de concentração da manifestação, que pretendia dirigir-se para a Praça da Independência.
"Fui informada de que no Cazenga, se registaram incidentes, com um carro da polícia a atropelar pelo menos um dos manifestantes", acrescentou.
Quanto aos incidentes em que se viu envolvida, Lisa Rimi, disse que estes ocorreram num local afastado dos incidentes, quando um cordão policial, com auxílio de cães, procurou dissuadir os manifestantes de se aproximarem do ponto de concentração.
"Estava a conversar com o Carbono Casimiro, a tentar perceber como poderia chegar junto dos jornalistas que se encontravam a cobrir a manifestação e nem demos pela aproximação de quatro indivíduos, que verificámos depois terem chapéus e óculos escuros, transportando garrafas de água mineral com um líquido amarelo no interior", disse.
"De repente, aqueles homens, que percebemos depois que eram polícias à civil, atiraram-nos o conteúdo das garrafas para cima. Um líquido irritante", salientou.
Ao contrário das informações que correram imediatamente a seguir, Lisa Rimi salientou que não foi agredida fisicamente, apenas foi atingida pelo líquido, que lhe provocou irritação na pele e ardor nos olhos.
Lisa Rimi relevou o facto de face aos cerca de 100 manifestantes a polícia ter montado um dispositivo que incluiu cães, mais tarde polícias a cavalo e helicópteros.
"Um dispositivo desproporcional ao número de manifestantes. A polícia claramente não respeitou o direito de manifestação", frisou.
A HRW está a preparar um comunicado sobre os acontecimentos de sábado em Luanda, que segundo os manifestantes provocou entre seis a sete feridos.
A Agência Lusa contactou domingo o porta-voz do Comando Geral da Polícia Nacional de Angola, comissário Carmo Neto, que disse não ter informações sobre a existência de feridos durante a ação anti-governamental, remetendo para hoje informações a esse respeito.
Apesar de inúmeras tentativas, a Agência Lusa não conseguiu ainda confirmar junto da Polícia Nacional o número de feridos alegado pelos manifestantes, mas testemunhou sábado a existência de pelo menos três junto à Praça da Independência.
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