sábado, 24 de dezembro de 2011

Portugal: CP ADMITE GRANDE ADESÃO NA GREVE DOS MAQUINISTAS





A porta-voz da CP não chegou ao ponto de confirmar o balanço do sindicato, de uma adesão total dos 1200 maquinistas à greve que hoje paralisa os comboios. Mas, ainda assim, Ana Portela reconheceu que, em 897 comboios previstos no horário, apenas circularam 135. E mesmo estes foram operados por grevistas, que estão a cumprir os serviços mínimos.

Citada pela agência Lusa, a porta-voz da CP, Ana Portela, reconheceu que, "até às 16:00 [de sexta feira], circularam 135 comboios". Foram, assim, cortados 762 comboios num total de 897.

"Adesão total" à greve

Ouvido pelo site da RTP, o presidente do sindicato dos maquinistas (SMAQ), António Medeiros. reiterou a estimativa já manifestada à Lusa, sobre a adesão da totalidade dos maquinistas a esta paralisação e explicou-a pelo "forte reconhecimento dos trabalhadores de que esao a ser perseguidos e estão a sofrer uma injustiça sem precdentes"

António Medeiros explicou à RTP as propostas apresentadas pela direcção ao Conselho de Administração (CA) da empresa: "Os processos disciplinares, em número de umas duas centenas, deverão ser reavaliados com vista ao seu arquivamento. Não deve haver processos, enquanto decorrer a reavaliação. Nos casos, uns seis a dez, em que já existe uma sanção disciplinar (normalmente entre 4 a 8 dias de suspensão), essa medida deve ficar suspensa durante a reavaliação".

O dirigente sindical lembrou que estas propostas não contêm nada de novo relativamente ao acordo de pacificação alcançado em 9 de junho deste ano. A greve em curso, sublinhou, só existe porque o CA decidiu unilateralmente romper esse acordo assinado. A direcção do SMAQ, por sua vez, não podia aceitar as imposições do CA sem estar, ela própria a deixar violar o acordo que assinara em junho.

Serviços mínimos "cumpridos escrupulosamente"

Quanto à definição dos serviços mínimos, que nas greves anteriores denunciou como abusiva, a direcção do SMAQ considera ter havido agora uma definição um tanto mais prudente por parte da empresa. Segundo Medeiros,, "especialmente no que diz respeito ao dever de transportar o trabalhador até ao local onde deve trabalhar, existe agora, como já existiu na greve geral deste ano, um entendimento mais razoável por parte da CP. A empresa admite agora que, em dia de greve, é ela que tem de colocar no local de trabalho o grevista que se apresentar para cumprir serviços mínimos".

Neste contexto, o SMAQ tem estado a cumprir escrupulosamente todos os serviços mínimos definidos. Entretanto, o presidente do sindicato não deixa de notar que a empresa, embora tenha admitido que devia passar a transportar os trabalhadores, mantém os processos disciplinares referentes aos casos de maquinistas que não puderam operar as respectivas locomotivas por estarem distantes das mesmas e não poderem, em dia de greve, chegar ao local de operação "nem de helicóptero".

Posição "irredutível" da CP

Quanto aos utentes do transporte ferroviário, António Medeiros afirma que os grevistas têm recolhido reacções de compreensão, embora também algumas de incompreensão. E comenta: "Acho natural, porque as pessoas muitas vezes precisam dos comboios para viajar nesta quadra. Nós lamentamos a incomodidade que as pessoas sofrem, mas fizemos o possível para resolver o problema. A CP foi irredutível e obrigou-nos a ir para a greve".

Entre os sinais de irredutilibilidade da empresa, António Medeiros cita também a decisão de adiar o pagamento dos salários. A CP não teria obrigação legal de pagar os salários hoje, sexta feira, mas essa é uma tradição de muitos anos, que sempre se tinha mantido e que agora foi ignorada "como retaliação contra a greve".

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