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O valor das pensões de reforma em Portugal deve sofrer, nas próximas duas décadas, uma quebra para metade daquilo que era pago antes de 2007, estima o primeiro-ministro. Em entrevista ao Correio da Manhã, Pedro Passos Coelho faz assentar as suas contas no denominado fator de sustentabilidade, um mecanismo instituído pelo anterior governo socialista. E aconselha os “futuros pensionistas” a optarem por “aplicações de poupança”, se quiserem “ter uma pensão mais generosa do que aquela que está estabelecida”.
É em resposta a uma pergunta do Correio da Manhã sobre o montante da sua própria reforma, quando chegar aos 65 anos, que Pedro Passos Coelho avança com um exercício de subtração.
“Será sensivelmente metade daquela que existia em 2007, talvez um pouco mais para todos aqueles que entraram na vida ativa nos últimos dez anos – não é o meu caso, que entrei há bastante mais -, mas sensivelmente metade da que existia antes”, calcula o primeiro-ministro.
Numa entrevista a publicar na íntegra no domingo, Passos Coelho aconselha poupança: “Os futuros pensionistas sabem que não obterão da Segurança Social uma pensão superior a um determinado valor e, portanto, devem fazer aplicações de poupança - ainda que geridas pelo Estado ou não, isso é uma outra discussão -, de forma a, digamos, terem uma pensão mais generosa do que aquela que está estabelecida”.
As contas do Executivo decorrem, em larga medida, do chamado fator de sustentabilidade. Este mecanismo, inscrito na lei pelo anterior governo de José Sócrates, associa o valor das pensões de reforma à esperança de vida. Em 2012, destaca o Correio da Manhã, os portugueses que se reformem aos 65 anos terão uma diminuição de 3,92 por cento nas respetivas pensões. Prolongar o trabalho por mais quatro meses a um ano será a única via para que se evite esta redução.
Contra “gestão de fortunas”
Em declarações recolhidas pela RTP, o ministro da Solidariedade e Segurança Social reiterou, por sua vez, que o Governo está a preparar um conjunto de reformas à luz do princípio da “liberdade de escolha”. A opção coloca-se, neste plano, “entre o sistema público e sistemas mutualistas, ou mesmo sistemas que não sejam públicos”. “É preciso introduzir reformas. Se nós queremos, de facto, defender o Estado social, temos de conseguir reformar esse próprio Estado social”, sustentou Pedro Mota Soares.
Na sexta-feira, à margem de uma visita ao Colégio dos Órfãos do Porto, Mota Soares defendia, uma vez mais, a necessidade de “introduzir um conjunto de reformas que salvaguardem a parte da solidariedade” e para que “o Estado deixe de fazer gestão de fortunas ou gestão de poupanças das pessoas ao longo da sua vida”.
“Se nós não introduzirmos reformas na Segurança Social, podemos estar a médio prazo com um problema de sustentabilidade da própria Segurança Social e por isso mesmo o Governo disse, de forma muito clara, que gostava de iniciar o processo de reforma, mas quer fazê-lo de uma forma moderada e de forma muito participativa”, sublinhava ainda o governante, citado pela agência Lusa.
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