ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA*
Agora que, finalmente, se sabe que em matéria de democracia Cabo Verde acaba de ultrapassa Portugal, fica aberto (ainda mais aberto) o caminho para os donos do jornalistas lusos os porem em ordem e na ordem.
E onde é que está o problema? Enquanto os Jornalistas, seja no Irão, na China, em Portugal ou em Angola não perceberem que dizer o que pensam ser a verdade é mais de meio caminho andado para a prisão, para o desemprego, para a margem da vida, não vão lá.
É preciso que saibam que a diferença entre Jornalistas bestiais e Jornalistas bestas é apenas o quero, posso e mando dos donos dos jornalistas e, é claro, dos donos dos donos.
Percebida essa regra de ouro, tudo é mais fácil. Os cargos e os correspondentes ordenados estão em linha directa com as colunas vertebrais amovíveis. Portanto, ser jornalista é fácil e até pode dar milhões. Basta, entre outras regras, baixar as calcinhas...
No Irão, há quase dois anos, Bahman Ahmadi Amoui, editor do jornal económico “Sarmayeh” e crítico das estratégias económicas do presidente Mahmoud Ahmadinejad, foi condenado a sete anos e quatro meses de prisão, acrescidos de 34 chicotadas.
E ainda se queixam os Jornalistas, alguns, do que se passa em Portugal. Já viram o que era apanhar umas tantas chicotadas por ordem dos mercenários que tomaram conta de alguns dos estaminés?
E pelo andar do reino esclavagista do Relves e Coelho, entre outros, os gulags, apesar das denúncias de, por exemplo, Alexander Soljenitsin, continuam a existir, tantas vezes dentro das próprias redacções.
Na China, a 28 de Dezembro de 2009 as autoridades condenaram a seis anos de prisão o realizador tibetano Dhondup Wangchen, por ter filmado entrevistas com tibetanos para um documentário chamado “Leaving Fear Behind” (Deixar o Medo para Trás).
Pois é. Há muito que, no caso de Portugal, chegou a altura dos jornalistas perguntarem não o que o regime esclavagista pode fazer por eles mas, antes, o que eles podem fazer pelo regime.
E o que podem fazer é serem veículos transmissores e reprodutores das verdades oficiais. Se o fizerem terão a vida, uma boa vida, garantida. Sendo que muitos deles até dão o cu como prova de fidelidade, não custa a crer que estejam no bom caminho.
Os jornalistas sabem que é melhor estar de cócoras e ter um prato de lentilhas, do que estar erecto mas de barriga vazia. Sabem que é preferível serem criados do poder e ter dinheiro para pagar ao merceeiro, do que serem honrados profissionais e andarem a mendigar nas esquinas da vida.
O actual governo conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, convencer os jornalistas que devem pensar apenas com a cabeça... do chefe, mostrar aos Jornalistas que ter um cartão do PSD é mais do que meio caminho andado para ser chefe, director ou até administrador.
Miguel Relvas tem razão quando calcula que, com mais meia dúzia de lentilhas, os jornalistas que ontem eram do PS passaram hoje a ser do PSD.
E se amanhã voltarem ao PS, nada de mal acontecerá. Portugal é uma gamela onde têm lugar cativo todos os que são do PS…D. E as gamelas não estão longe. Ontem a mais concorrida era a do Largo do Rato, hoje é a da Rua de São Caetano.
É claro que a questão do mérito é facilmente mensurável. Basta ter cartão de militante do PSD. Não ter coluna vertebral nem tomates é um factor de desempate. Não será decisivo porque, afinal, quase todos estão nessa situação…
* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
Título anterior do autor, compilado em Página Global: AS PONTES E AS ESTRADAS DO... MPLA
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