Angola Press
Espargos - O primeiro-ministro cabo-verdiano garantiu na terça-feira desconhecer qualquer pedido de informação sobre eventuais voos da CIA em Cabo Verde e disse que não está prevista a deportação de mais nenhum suspeito de terrorismo para o arquipélago.
"Em relação aos voos da CIA não posso dizer-vos absolutamente nada, porque em nenhum momento tive essa informação, em nenhum momento recebi qualquer pedido de informação de qualquer organização não governamental.
Não posso falar do que não sei", respondeu José Maria Neves a uma questão da Agência Lusa, sobrre o assunto.
"Em relação aos deportados de Guantanamo, temos um (em Cabo Verde) que está a integrar-se muito bem e não há mais nenhuma solicitação ou nenhum acordo no sentido de receber mais deportados em Cabo Verde", acrescentou.
Sobre os voos da CIA, José Maria Neves repetiu o que o ministro da Relações Exteriores cabo-verdiano, Jorge Borges, afirmara à Lusa a 10 deste mês, indicando desconhecer o pedido de esclarecimentos de duas organizações de direitos humanos sobre os voos secretos da CIA, que terão transportado, sobre o espaço aéreo do arquipélago, suspeitos de terrorismo contra os Estados Unidos.
A 19 de dezembro de 2011, a agência Associated Press noticiou que Cabo Verde, entre outros países, não respondeu ao pedido das associações "Reprieve" e "Access Info Europe" de informações sobre os voos secretos da CIA que transportaram suspeitos de terrorismo após os ataques de 11 de setembro.
A Reprieve (com sede em Londres) e a Access Info Europe (com sede em Madrid) pediram dados sobre tráfego aéreo que pudessem esclarecer o percurso dos designados "voos de rendição" realizados pela CIA.
Estas duas organizações e outras trabalham há anos para juntar as peças do puzzle que envolve o transporte, em voos secretos, de centenas de suspeitos de terrorismo detidos pela CIA no estrangeiro para a base de Guantanamo.
A CIA nunca confirmou a localização exata daquelas detenções, mas os ativistas de direitos humanos falam em utilização de tortura para extrair confissões de terrorismo em países como Tailândia, Afeganistão, Lituânia, Polónia e Roménia.
No relatório citado pela AP, as organizações assinalam ainda que o silêncio da Europa contrasta com a postura dos Estados Unidos, que entregaram registos da autoridade de aviação federal com mais de 27 mil segmentos de voo.
Em 2007, o Conselho da Europa estimou em 1245 os voos operados pela CIA que sobrevoaram o continente europeu. O programa de detenção e interrogatório levado a cabo pela CIA terá terminado em 2009.
A 19 de julho de 2010, perante o silêncio inicial das autoridades cabo-verdianas, o Departamento de Defesa norte-americano anunciou que Cabo Verde recebera um prisioneiro da base militar de Guantanamo e felicitou as autoridades cabo-verdianas pela disponibilidade.
Abd-al-Nisr Mohammed Khantumani, cidadão sírio, de mais de 50 anos, "com problemas de saúde", fora detido durante as ações militares que os Estados Unidos, ainda na Presidência de George W. Bush, empreenderam em vários países, na sequência dos atentados de 11 de setembro de 2001.
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