Martinho Júnior, Luanda
A SONANGOL NO IRAQUE – 1 ANO DEPOIS!
Era previsível!
Quando a 7 de Fevereiro de 2012 elaborámos o artigo “Iraque, Iraque, 75 anos depois” (http://pagina--um.blogspot.com/2011/03/iraque-iraque-75-anos-depois.html) ficámos preocupados com a chegada da SONANGOL àquele país, conforme notícias de Dezembro de 2009, tendo em conta as transformações que o Iraque vinha sofrendo.
Dissemos a propósito na ponta final do nosso argumento:
…“Depois o Iraque formatado às conveniências, está garantida de tal modo a implantação dos interesses, cada vez mais alargados e tentaculares, que o país se tornou também numa catapulta estratégica para consolidar posições da elite global noutras regiões do globo, entre elas o Golfo da Guiné, as Caraíbas e a Oceânia.
Chegou a hora, ilustrando esse quadro, da entrada da SONANGOL no Iraque, na província de Ninieveh, uma das mais problemáticas no rescaldo da invasão, da ocupação e do florescimento do novo regime iraquiano, a troco dum domínio cada vez mais evidente no Golfo da Guiné e nas suas particularidades offshore.
Angola demonstra que está disposta à harmonização pela via da OPEP: capaz de se relacionar ao mesmo tempo por exemplo com o Equador e com o Iraque formatado pelo cartel do petróleo e do armamento, é capaz também de alinhar com os modelos respectivos, pois o governo foi privilegiando as muito dúbias parcerias público privadas, esteio do neo liberalismo que se vai injectando no país que está na origem da formação duma nova elite capaz de esvaziar os conteúdos éticos e morais do movimento de libertação.
No Iraque não admiraria mesmo nada se dentro em breve, a reboque dos interesses e investimentos da SONANGOL (previsão para 2.000 milhões de dólares), virmos aparecer as empresas prestadoras de serviços e pelo menos algumas das Executive Outcomes, ou se preferirem das Blackwater angolanas”…
Angola, apesar de ser um produtor de petróleo e a SONANGOL ter cada vez mais projecção internacional, nada teve a ver com o Iraque enquanto o regime de Saddam esteve em vigor e, quando a hegemonia unilateral norte americana optou pela sangrenta ingerência, parecia-me que Angola, mesmo que houvesse um conjunto de negócios com muitos lucros, se deveria afastar daquele processo inquinado de globalização, um processo que para o ser teve de se constituir num campo de batalha onde foram aplicados os mais cruéis parâmetros da “moderna” doutrina de choque.
Para a SONANGOL se poder afirmar sempre me pareceu pois, mesmo que as castas petrolíferas angolanas se aproximassem de outras poderosas castas, inoportuno e contraproducente optar pela geo estratégia de colocar interesses angolanos no Iraque.
Os interesses a que a SONANGOL está de há muito ligada foram determinantes.
Segundo notícias da Reuters difundidas pela Voice of América, o que eu pressentia aconteceu:
“SONANGOL atacada à bomba no Iraque” (http://www.voanews.com/portuguese/news/angola/Equipamento-da-Sonangol-destruido-no-Iraque-137681783.html)!
Foi assim praticamente 1 ano depois da divulgação da presença da SONANGOL no Iraque, com a notícia a ser difundida pelas agências da conveniência da aristocracia financeira mundial e “esquecidas” pela ANGOP!...
… Agora só falta consumar-se a partida de efectivos angolanos, a coberto por exemplo duma TeleService, para assumir o controlo e a protecção das instalações da Companhia sujeitas a ataques, ataques que alguns se apressam a dizer que estão a ser perpetrados pela Al Qaeda…
Oxalá que a Al Qaeda não venha, por causa da SONANGOL, a fazer também acções de retaliação dentro do nosso espaço nacional, ou onde hajam interesses directos angolanos!...
Um acontecimento dessa natureza iria fazer depender ainda mais Angola da geo estratégia energética dos anglo-saxões!
… coisas que a globalização tece!...
Mapa do Iraque dos lugares mais contaminados em resultado da guerra: a SONANGOL está em Mosul e em Ninive (Ninewa), no norte, numa área de preponderância curda.
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