No Brasil, ao invés de aspartame, multinacional prefere o ciclamato — suspeito de causar câncer e atrofia nos testículos, mas quinze vezes mais barato…
Antonio Martins - Imagem: poema de Décio Pignatari – Outras Palavras
Um zunzunzum profundamente incômodo para a Coca-Cola e os jornais comerciais — e no entanto provavelmente verdadeiro — está percorrendo redes sociais como o Facebook e Google+ (veja íntegra ao final do post). Afirma-se que a Coca Zero, lançada no país em 2005 e um dos produtos de maior sucesso da empresa, contém em sua fórmula o ciclamato de sódio, substância proibida no refrigerante vendido nos Estados Unidos. A razão da diferença seria uma velha conhecida: o desejo de maximizar os lucros (pouco importando Ambiente, Direitos Sociais ou mesmo Saúde) nos países onde agências estatais são menos rigorosas. O ciclamato de sódio, foi banido a partir de 1969 no Japão, Estados Unidos e outras nações. Há fortes suspeitas de que provoque câncer. Porém, custaria quinze vezes menos que o aspartame – adoçante também sintético presente na Coca Zero vendida nos Estados Unidos e Europa Ocidental.
Será mais uma lenda urbana? Uma pesquisa inicial sugere que não. Acompanhe por quê:
a) O próprio site da filial brasileira da Coca-Cola admite, em seu site, que a fórmula do refrigerante contém ciclamato de sódio — assim como as de Sprite Zero, Fanta Zero e Kuat Zero.
b) Também é verdade que o mesmo produto vendido nos Estados Unidos usa aspartame ao invés de ciclamato, como se vê neste texto do Huffington Post.
c) Um verbete na Wikipedia revela que as suspeitas sobre o caráter cancerígeno do ciclamato são reais. A substância aparentemente não é metabolizada no organismo, degenerando em ciclohexilamina, que pode aumentar a incidência de tumores. O uso ultra-intenso de ciclamato de sódio produziu cânceres de bexiga em ratos, deformações, redução dos níveis de testosterona, atrofia dos testículos. O fenômeno foi demonstrado já em 1969, por pesquisas conduzidas pela agência de medicamentos dos EUA — que determinou seu banimento. Como as quantidades de ciclamato usadas nos testes foram muito grandes, os resultados são controversos e 55 países continuam a tolerar o produto.
d) O Brasíl é um destes países. Em junho de 2009, período em que também surgiram dúvidas a respeito dos possíveis danos do ciclamato à Saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu, a respeito, o Informe Técnico 40. Embora defenda a liberação, o documento reconhece as dúvidas científicas a respeito de suas propriedades.
O consumo de alimentos, bebidas e outros produtos à base de adoçantes como aspartame, ciclamato é cada vez mais difundido no Brasil. As suspeitas sobre os efeitos destas substâncias são, é claro, um tema muito relevante de Saúde pública. No entanto, são raríssimas ou inexistentes as matérias sobre o assunto, nos jornais e revistas. Há quem prefira (Veja quem, entre outros: 1 2) entreter seus leitores com “testes comparativos de sabor” entre os adoçantes… Por ignorância ou previsíveis interesses, eestes textos omitem por completo as pesquisas e controvérsias cientificas que envolvem tais produtos.
Abaixo, um dos textos que circula nas redes sociais.
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Coca-cola Zero. Sukita Zero. Fanta Light. Dolly Guaraná. Dolly Guaraná Diet. Fanta Laranja. Sprite Zero. Sukita. Oito bebidas e duas substâncias altamente nocivas ao ser humano. Na Coca-cola Zero, está o ciclamato de sódio, um agente químico que reconhecidamente faz mal à saúde. Nos outros sete refrigerantes, está o benzeno, uma substância potencialmente cancerígena.Essa é a mais recente descoberta que vem sendo publicada na mídia e que só agora chega aos ouvidos das maiores vítimas do refrigerante: os consumidores. A pergunta que vem logo à mente é: “por que só agora isso está sendo divulgado?”. E, pior: “se estes refrigerantes fazem tão mal à saúde, por que sua venda é permitida?”.
Nos Estados Unidos da América, a Coca-cola Zero já é proibida pelo F.D.A. (Federal Drugs Administration), mas sua venda continua em alta nos países em desenvolvimento ou não desenvolvidos, como os da Europa Oriental e América Latina. O motivo é o baixo custo do ciclamato de sódio (10 dólares por quilo) quando comparado ao Aspartame (152 dólares/Kg), substância presente na Coca-cola Light. O que isso quer dizer? Simplesmente que mesmo contendo substância danosa à saúde, a Coca Zero resulta num baixo custo para a companhia, tendo por isso uma massificação da propaganda para gerar mais vendas.
E a ironia não para por aí. Para quem se pergunta sobre os países desenvolvidos, aqui vai a resposta: nos Estados Unidos, no Canadá, no Reino Unido e na maioria dos países europeus, a Coca-cola Zero não tem ciclamato de sódio. A luta insaciável pelos lucros da Coca-cola Company são mais fortes nos países pobres, até porque é onde menos se tem conhecimento, ou se dá importância, a essa informações.
No Brasil, o susto é ainda maior. Uma pesquisa realizada pela Pro Teste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor – verificou a presença do benzeno em índices alarmantes na Sukita Zero (20 microgramas por litro) e na Fanta Light (7,5 microgramas). Já nos refrigerantes Dolly Guaraná, Dolly Guaraná Diet, Fanta Laranja, Sprite Zero e Sukita, o índice de benzeno estava abaixo do limite de 5 microgramas por litro.
Só para se ter uma idéia, o benzeno está presente no ambiente através da fumaça do cigarro e da queima de combustível. Agora, imagine isso no seu organismo ao ingerir um dos refrigerantes citados. Utilizado como matéria-prima de produtos como detergente, borracha sintética e náilon, o benzeno está relacionado a leucemias e ao linfoma. Contudo, apesar de seus malefícios, o consumo da substância não significa necessariamente que a pessoa terá câncer, pois cada organismo tem seu nível de tolerância e vulnerabilidade.
Corantes e adoçantes
Corantes e adoçantes
Na mesma pesquisa da Pro Teste, constatou-se que as crianças correm um grande risco, pois foram encontrados adoçantes na versão tradicional do Grapette, não informados no rótulo. Nos refrigerantes Fanta Laranja, Fanta Laranja Light, Grapette, Grapette Diet, Sukita e Sukita Zero, foram identificados os corantes amarelo crepúsculo, que favorece a hiperatividade infantil e já foi proibido na Europa, e o amarelo tartrazina, com alto potencial alérgico.
Enquanto a pesquisa acusa uma urgente substituição dos corantes por ácido benzóico, por exemplo, a Coca-cola, que produz a Fanta, defende-se dizendo que cumpre a lei e informa a presença dos corantes nos rótulos das bebidas. A AmBev, que fabrica a Sukita, informou que trabalha “sob os mais rígidos padrões de qualidade e em total atendimento à legislação brasileira”.
Por fim, a Refrigerantes Pakera, fabricante do Grapette, diz que a bebida pode ter sido contaminada por adoçantes porque as duas versões são feitas na mesma máquina e algum resíduo pode ter ficado nos tanques.
Quando será o fim dessa novela e da venda dos refrigerantes que contém substâncias nocivas à saúde, ninguém sabe. Mas enquanto os fabricantes deixam a ética e o respeito ao cidadão de lado em busca do lucro exacerbado, você tem a liberdade de decidir entre tomar esse veneno ou preservar a qualidade do seu organismo. Agora, é com você!
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