sábado, 14 de janeiro de 2012

PUNIÇÃO PARA OS CRIMES DE GUERRA



Eliakim Araújo* - Direto da Redação

As atrocidades cometidas por soldados americanos no Iraque e no Afeganistão são conhecidas ao redor do mundo, graças às ferramentas da internet ao alcance de qualquer um que disponha de um computador.

Assim, por exemplo, é possível encontrar na web desde um video que mostra soldados americanos tomando um pequeno cão como bola, jogado de um lado para outro, até as humilhantes fotos de prisioneiros iraquianos em Abu Ghraib, tratados como animais, até chegar ao estúpido episódio do massacre de Haditha.

Sobre este último, aliás, vale dizer que está sendo julgado esta semana, por uma Corte Militar na Califórnia, o sargento Frank Wuterich (na foto, ao lado de seu advogado), acusado de ter ordenado um dos mais bárbaros crimes contra civis desarmados no Iraque.

O depoimento do soldado Steven Tatum, do pelotão liderado pelo sargento, clareia o que aconteceu naquele dia 19 de novembro de 2005. Tatum contou que ele e seus companheiros obedeceram à ordem do sargento de “limpar” uma área onde havia “fogo hostil”. Tatum afirmou que a ordem do sargento veio em forma de vingança, depois de um veículo militar estadunidense ter sido atingido por uma bomba numa rodovia próxima.

No ataque, que ficou conhecido como O Massacre de Haditha, os militares americanos abriram fogo de metralhadora e atiraram granadas durante 45 minutos, matando 24 iraquianos, inclusive sete crianças, todos desarmados.

O sargento Frank Wuterich é o último dos oito marines inicialmente acusados de assassinato ou de não investigar os assassinatos. Os outros sete já estão livres de culpa.

Aqui, vale destacar que o massacre de Haditha só chegou ao conhecimento público graças à investigação de um repórter da revista Times, publicada dois meses após o incidente. O que nos leva a imaginar quanto coisa tem sido escamoteada do público, quando a mídia não informa por desconhecimento ou por má-fé.

O episódio virou filme, em 2007, com o título de “Battle for Haditha”. Um título infeliz, porque naquele dia não houve batalha alguma, o que aconteceu foi um ato covarde e cruel praticado por um grupo de soldados armados até os dentes contra civis desarmados e inocentes.

Mas em matéria de indignidade, nada pode ser comparado ao video e fotos divulgadas com destaque pela mídia estadunidense nesta quarta-feira.




A imagem é chocante, apesar de cruel e indigna. São quatro marines que aparecem em um vídeo urinando em cadáveres de afegãos mortos. O clipe tem 40 segundos e foi postado no site www.liveleak.com Clique aqui por um anônimo que identificou os quatro como pertencentes ao terceiro batalhão dos marines baseados em Camp Le Jeune, Carolina do Norte.

Os quatro, vestidos com uniforme de combate, estão de pé com seus órgãos genitais expostos e se aliviam em cima de três cadáveres, não se sabendo se eram insurgentes ou civis. Enquanto urinam, tripudiam dos mortos. Um deles diz: “tenha um ótimo dia, amigo”. Outro completa: “... é uma chuva dourada”.


O comando dos Marines prometeu investigar. Mas promessa é pouco, muito pouco. É preciso muito mais, tal a gravidade do fato. Falta uma nota official do próprio governo dos Estados Unidos, repudiando severamente o ato repugnante que vai contra todos os regulamentos militares e as leis internacionais, com um pedido de desculpas e a garantia de que os culpados serão punidos exemplarmente.

Enquanto isso não acontece, o video é um ótimo material para que os insurgentes talibãs o usem para alimentar o ódio aos EUA e recrutar mais voluntários para a causa. E, certamente, vai desencadear uma nova polêmica diplomática entre Washington e Kabul.

Ancorou o primeiro canal de notícias em língua portuguesa, a CBS Brasil. Foi âncora dos jornais da Globo, Manchete e do SBT e na Rádio JB foi Coordenador e titular de "O Jornal do Brasil Informa". Mora em Pembroke Pines, perto de Miami. Em parceria com Leila Cordeiro, possui uma produtora de vídeos jornalísticos e institucionais.

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