quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Organizadores de manifestações antigovernamentais apostam agora em debates



EL – Lusa, com foto

Luanda, 26 jan (Lusa) - Os jovens que em 2011 privilegiaram as ruas de Luanda para manifestações antigovernamentais, apostam agora na realização de debates, a que chamam de "nova fase de luta contra o regime", disse à Lusa um dos organizadores.

Massilon Chimdonbe, coordenador-adjunto do 1º Encontro Provincial da Juventude de Luanda, explicou à Lusa que a iniciativa visa debater "aspetos sociais e políticos de Angola, lançando a semente para progressivamente consciencializar os jovens no exercício da cidadania".

O lema deste 1º encontro é "A Juventude e o seu papel na construção da Cidadania" e ao longo dos dois dias de debates, sexta-feira e sábado, vão ser apresentadas comunicações sobre "a relação entre a Justiça, Constituição e Democracia" e o que foi feito nos 32 anos que o Presidente angolano José Eduardo dos Santos tem estado no poder.

A eleição do Presidente da República por via indireta, a relação entre o movimento contestatário juvenil em Angola e os movimentos do Norte de África, e o papel da juventude angolana "na construção de uma sociedade verdadeiramente democrática", bem como sugestões sobre formas de organização cívica, constituem os temas dos debates.

Na linha da frente da iniciativa estão os mesmos que ao longo de 2011 expressaram publicamente nas ruas da capital angolana o descontentamento pela continuidade de José Eduardo dos Santos na chefia do Estado, que exerce há 32 anos, e que agora elegem o debate como espaço de intervenção.

Para que o debate não seja feito em circuito fechado, os organizadores deste 1º Encontro, convidaram individualidades de todo o espectro partidário, mas nem todos aceitaram.

"Não nos coibimos de convidar também indivíduos pertencentes ao partido do governo (MPLA), mas não aceitaram", salientou.

Os trabalhos vão decorrer na próxima sexta-feira e sábado num restaurante no bairro popular do Prenda, espaço alternativo ao que tinham escolhido em primeiro lugar, em Viana, onde a Rádio Despertar, emissora ligada à UNITA, mantém os seus serviços e onde este partido da oposição realizou os últimos congressos, mas cujos responsáveis recusaram, invocando "inconvenientes políticos e económicos", segundo a organização da iniciativa.

As várias manifestações que realizaram nas ruas de Luanda tiveram como resposta a reação musculada das autoridades, marcada pela repressão e detenções.

Massilon Chimdonbe reconhece as dificuldades por que têm passado, face à intransigência das autoridades, por isso dizem estar à espera "de tudo" quando se juntarem para o início do debate, mas frisou: "não é por ai que deixamos de fazer o que pretendemos".

"Ainda existem dificuldades. Algumas pessoas ainda têm receio de aparecer e dar a cara", acrescentou.

Para divulgarem as conclusões dos debates, que pretendem posteriormente levar a outras províncias do país, vão continuar a privilegiar a Internet.

"Sempre tivemos as portas fechadas na imprensa. Vamos por outros meios. A Internet é hoje um dos meios de difusão e não há barreiras contra isso", concluiu.

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